Empresas devem parar com promessas “falsas” sobre neutralidade carbónica
COP27
8 de nov. de 2022, 17:22
— Lusa/AO Online
“Esta
tentativa de dissimulação tóxica pode fazer o mundo cair da falésia
climática. Esta farsa deve acabar”, insistiu, saudando o relatório do
grupo de especialistas em neutralidade carbónica que lhe foi entregue na
COP27, a decorrer no Egito.Segundo o
estudo, as promessas de neutralidade carbónica das empresas e dos
investidores são “incompatíveis” com novos investimentos nas energias
fósseis. “Do mesmo modo, a desflorestação e
outras atividades que destroem o ambiente desacreditam” aquelas
promessas, considerou o grupo criado pelo secretário-geral das Nações
Unidas.Contra a ‘lavagem verde’
(greenwashing) de atores privados que fazem promessas no ar de
neutralidade carbónica, os especialistas dizem ser necessário acabar com
o investimento em combustíveis fósseis, com a “compensação” acessível
das emissões de gases com efeito de estufa e com a desflorestação.Os
18 especialistas elaboraram em poucos meses um guia para avaliar o grau
de credibilidade dos atores não estatais que se comprometem com a
neutralidade carbónica. Afastar-se de “atividades ambientalmente
destrutivas” é condição chave para a credibilidade.O
relatório considera ainda que as promessas a longo prazo devem ser
acompanhadas de um plano preciso, com objetivos para cada período de
cinco anos.A mensagem enviada aos
diretores executivos e outros atores privados “é clara”, sublinhou
Guterres: “respeitem aquelas normas e revejam as vossas diretrizes a
partir de agora, o mais tardar até à COP28”, daqui a um ano.O
secretário-geral da ONU pediu ainda aos governos para “criarem um
quadro regulamentar” que contemple as recomendações dos especialistas.Até
o próximo dia 18, decorre em Sharm el-Sheikh, no Egito, a 27.ª cimeira
da ONU sobre alterações climáticas, para tentar travar o aquecimento do
planeta, limitando o aquecimento global a 2ºC (graus celsius), e se
possível a 1,5ºC, acima dos valores médios da época pré-industrial.