Empresas de 'rent-a-car' dos Açores autorizadas a usar veículos com mais de cinco anos
8 de jul. de 2022, 12:28
— Lusa/AO Online
A proposta do Governo Regional
(PSD/CDS-PP/PPM) contou com a abstenção dos dois deputados do BE na
votação do diploma no plenário mensal no parlamento açoriano, que
começou na terça-feira na cidade da Horta, ilha do Faial. “[Com
a pandemia de covid-19] as empresas viram-se obrigadas a desfazer-se de
grande parte da sua frota, procurando minimizar os custos. Com a atual
retoma e o problema da disrupção das cadeias de distribuição e
abastecimento, estão a encontrar muitas dificuldades em repor a frota”,
justificou a secretária Regional do Turismo, Berta Cabral.A
governante explicou que se pretende implementar “um regime transitório
que permita a utilização desses veículos [com mais de cinco anos] pelas
empresas ‘rent-a-car’ por um período de um ano, prorrogável por mais
um”.A atual legislação determina “que só
podem ser utilizados na atividade ‘rent-a-car’ veículos que não tenham
mais de cinco anos, contados a partir da data da primeira matrícula,
podendo aquele limite ser excecionalmente prorrogado por períodos de um
ano, até ao máximo de dois, após a inspeção dos respetivos veículos”.Berta Cabral revelou que se prevê que a medida abranja 800 viaturas das 161 empresas de ‘rent-a-car’ da região.No
debate, que começou na quinta-feira à tarde e se prolongou para a manhã
de hoje, o socialista Carlos Silva insistiu que o Governo açoriano não
respondeu à pergunta sobre quantas viaturas de ‘rent-a-car’ existem
atualmente no arquipélago.Berta Cabral
reiterou a disponibilidade para dar uma resposta por escrito, mas,
perante a ausência de dados, o deputado do BE António Lima defendeu que
seriam elementos relevantes para a decisão sobre o diploma e que o
executivo teria tido tempo para recolher.“Se
houver, atualmente, mais carros licenciados para a atividade do que em
2019 [antes da pandemia de covid-19], então o argumento do Governo para o
diploma não faz sentido e parte de um pressuposto errado”, observou o
bloquista.Rui Martins, do CDS-PP, insistiu
que o Governo se disponibilizou a responder por escrito, criticando o
PS por fomentar um debate “de casos e casinhos”.Na quinta-feira, Vílson Ponte Gomes, deputado do PS, já tinha alertado que o problema “não apareceu agora”. “Apareceu
há algum tempo. Quando é que vai produzir efeitos? Esta é uma situação
preocupante, que mostra a distração e a forma atabalhoada como o Governo
Regional trata os assuntos”, salientou.Pelo
BE, António Lima defendeu que “a melhor decisão estrutural e a médio e a
longo prazo não é, nem pode ser, continuar a aumentar o número de
carros na região”. “O que estamos a falar
aqui é de uma proposta limitada no tempo e isso é um fator que nos faz
avaliá-la de outra forma. A não aprovação da decisão pode levar a um
“aumento da economia paralela. Mas, não é uma solução estrutural para o
futuro”, afirmou.O deputado do Chega José
Pacheco alertou que “as ‘rent-a-car’ estão com preços completamente
loucos”, o que “não é nada bom para os Açores”, defendendo a necessidade
de se perceber, “no futuro, que capacidade têm as ilhas em termos
carros”.Nuno Barata, da Iniciativa
Liberal, notou que, nos Açores, “os carros das ‘rent-a-car’, na prática,
podem ser usados por sete anos, porque a região não pode fazer as
inspeções tipo B”. “O que vemos, e não vem
mal nenhum ao mundo, é a possibilidade de ter viaturas com oito anos no
mercado. É bom termos presente que a prorrogação desses prazos pode
também envelhecer a frota automóvel. É importante que isso não se
prolongue para lá de 2023. Não nos preocupa o envelhecimento do parque
automóvel por uma questão de aspeto, mas por uma questão ambiental”,
disse.Pelo PAN, Pedro Neves defendeu que
as ‘rent-a-car’ “não são o futuro para uma região que diz que é
sustentável por natureza”, considerando que a aposta deve ser nos
“transportes públicos, tanto para açorianos, como para turistas”.O
deputado independente Carlos Furtado defendeu uma proposta para
combater a economia paralela e salientou que a “pressão sobre
‘rent-a-car’” acontece, também, devido à “falta de transportes
públicos”.Paulo Gomes, deputado do PSD,
referiu que a proposta do Governo faz face a “uma enorme dificuldade”,
enquanto pelo PPM Paulo Estêvão sustentou que o diploma, que “ninguém
conseguiu desconstruir, é urgente para dar uma resposta a uma situação
de um contexto específico”.A Assembleia
Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na atual
legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois
do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um deputado
independente (eleito pelo Chega).