Empresários querem saber quanto custou e quem pagou pela amarração do cabo da Google nos Açores
30 de jul. de 2024, 12:25
— Lusa/AO Online
“Pelo
histórico é claro que não foi a Google que escolheu os Açores, mas sim
os Açores que procuraram a Google, o que é perfeitamente legítimo. A
questão é saber quanto é que isto custou à região, quem pagou e quais as
implicações no cabo CAM [Continente-Açores-Madeira] que, pelo que é
público, ainda não tem financiamento garantido”, afirmou a direção da
CCAH, em comunicado de imprensa.O cabo
submarino da Google, designado por “Nuvem”, que vai ligar os Estados
Unidos da América a Portugal, com amarração nas Bermudas e nos Açores,
foi apresentado na passada sexta-feira, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel.A empresa pretende ter o sistema operacional em 2026 e estima que tenha um impacto de 500 milhões de euros na economia nacional.A
associação empresarial das ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa
manifestou “satisfação” com o anúncio do investimento, que “alavancará a
economia da ilha de São Miguel”, mas pediu mais transparência no
processo.“A CCAH não pode deixar de
lamentar a falta de informação e transparência que continua a assolar a
política regional. O povo dos Açores votou na mudança, mas não é isso
que temos vindo a assistir. O cabo Google é apenas mais um exemplo da
continuidade de políticas e mentalidades com a pressão lobista e de
desintegração”, apontou.Os dirigentes da
Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo alegam que um cabo como o
“Nuvem” custa, a preços de mercado, “de 60 a 100 milhões de euros” e que
“foi assumido pelo Governo das Bermudas que existiu um custo financeiro
associado à amarração” no país, por isso, estranham que o mesmo não
tenha acontecido nos Açores.“Tendo a
consciência de que no mundo dos negócios não existem situações de
favorecimento sem qualquer tipo de contrapartidas, e considerando o
facto de o projeto inicial do cabo ‘Nuvem’ nunca ter contemplado os
Açores, o que se questiona é quem pagou, numa região com conhecidas
grandes dificuldades financeiras, a amarração do cabo e quanto custou?”,
perguntaram.Os empresários querem saber
como é que o cabo de uma empresa privada teve “prioridade sobre o cabo
CAM, que serve todas as ilhas dos Açores e cujo financiamento ainda não
está garantido”, questionando sobre quando avançará a “anunciada
substituição” do cabo que liga continente, Açores e Madeira.Pedem
ainda explicações sobre se o alegado apoio à Google foi assegurado
“exclusivamente pelo Governo da República” e que impacto terá na
instalação do cabo CAM e no apoio do Estado “à difícil situação que as
finanças da região atravessam, com graves atrasos nos pagamentos aos
empresários”.A associação empresarial
salientou, por outro lado, que, em 2015, a Google esteve interessada em
instalar um cabo semelhante, mas amarrando-o à ilha Terceira, projeto
que acabou por não avançar.“Na altura foi
solicitado pela companhia um apoio/investimento, ao Governo dos Açores
de 40 milhões de euros. A resposta dada pelo executivo de então foi de
que ou o cabo era amarado em São Miguel, o que não interessou à
companhia, ou não havia amarração do mesmo. Resultado: o cabo não passou
pelos Açores”, denunciou.A CCAH pergunta,
por isso, qual “a razão para a alteração, em nove anos, do local de
amarração do cabo” e “quem negociou com a Google e a mando de quem”.