Empresários preocupados com demissões na administração da SATA
11 de abr. de 2024, 16:51
— Lusa
"A direção da Câmara do
Comércio e Indústria dos Açores manifesta a sua preocupação com as
demissões agora verificadas no conselho de administração da SATA, que
ocorrem numa altura crítica para o futuro do grupo, tendo designadamente
em consideração o processo de privatização da Azores Airlines e o
início da época alta deste setor", lê-se num comunicado de imprensa
enviado às redações.Para a associação
comercial, é da "maior relevância a retoma da normalidade" na empresa
para que o processo de privatização da Azores Airlines seja cumprido
"nos termos definidos pela União Europeia, com os acertos que as
circunstâncias atuais exigem".A CCIA
considera "imperativo" ter a empresa "em pleno funcionamento no arranque
de mais uma temporada crucial do turismo", que "tem contribuído para a
recuperação económica da região".Os
empresários lembram que o funcionamento do transporte aéreo nos Açores
foi "recentemente abalado" com a redução da operação da Ryanair, com
"consequências já bem visíveis" para o setor e para as quais a Câmara do
Comércio alertou "oportunamente"."A
direção da CCIA entende salientar a importância e a necessidade de
estabilidade do funcionamento do transporte aéreo nos Açores",
sublinham. Na terça-feira, o Governo
Regional anunciou que a presidente da companhia aérea açoriana SATA,
Teresa Gonçalves, se demitiu do cargo por "motivos pessoais".Segundo alguns órgãos de comunicação social, também o administrador financeiro, Dinis Modesto, está de saída.Teresa Gonçalves tomou posse como presidente da SATA em abril de 2023, após a saída de Luís Rodrigues para a liderança da TAP.Na
nota enviada às redações, o Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM) ressalvou
que a gestora "continuará a assumir todas as decisões em curso sobre o
grupo" até ao final deste mês.O presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, já garantiu que nenhum procedimento relativo à SATA vai ser suspenso.A
demissão de Teresa Gonçalves aconteceu quatro dias depois de ser
conhecida a decisão final do júri do concurso público para a
privatização da Azores Airlines (companhia aérea responsável pelas
ligações entre os Açores e o exterior).O
júri, liderado pelo economista Augusto Mateus, manteve a decisão de
aceitar apenas um concorrente no relatório final, mas admitiu reservas
quanto à capacidade do consórcio Newtour/MS Aviation em assegurar a
viabilidade da companhia.O caderno de encargos da privatização prevê uma alienação no mínimo de 51% e no máximo de 85% do capital social da companhia.Em
junho de 2022, a Comissão Europeia aprovou uma ajuda estatal portuguesa
para apoio à reestruturação da companhia aérea de 453,25 milhões de
euros em empréstimos e garantias estatais, prevendo medidas como uma
reorganização da estrutura e o desinvestimento de uma participação de
controlo (51%).A Azores Airlines registou
um prejuízo de 24,3 milhões de euros em 2022, uma melhoria face ao
resultado líquido negativo de 32,4 milhões reportado no ano anterior,
segundo os dados divulgados em março.