Empresários pedem melhoria de ligações marítimas de carga à ilha Terceira
30 de abr. de 2025, 14:45
— Lusa/AO Online
“Não é aceitável que em pleno século XXI as
prateleiras dos supermercados da ilha Terceira não tenham produtos, que
as empresas da ilha Terceira não consigam exportar e importar produtos,
que as empresas da ilha Terceira que dependem do mercado interno não
consigam fazer com que os seus produtos cheguem às outras ilhas. Não é
admissível que tenhamos um claríssimo prejuízo”, afirmou o presidente da
CCIAH, Marcos Couto, numa conferência de imprensa em Angra do Heroísmo.Há
vários anos que a associação empresarial das ilhas Terceira, São Jorge e
Graciosa alerta para as dificuldades sentidas pelos empresários no
transporte de mercadorias por via marítima, mas segundo Marcos Couto,
“nos últimos meses a situação tem vindo a agudizar-se de forma
dramática”, chegando a existir “rotura de stock de vários produtos na
ilha”.A Terceira tem ligações marítimas
diretas semanais com o continente, mas a imprevisibilidade das datas dos
toques no porto da Praia da Vitória tem provocado constrangimentos nas
importações e nas exportações.“Chegamos a ter mais de 20 alterações às escalas previstas durante um mês. A imprevisibilidade é total”, frisou Marcos Couto.Os
empresários têm alertado o Governo Regional, que responde que tem
reunido frequentemente com o Instituto e a Autoridade da Mobilidade e
dos Transportes para melhorar a situação, mas os problemas persistem.“Por
uma razão ou por outra, há sempre uma justificação para os atrasos que
acontecem, ou é mau tempo ou o navio está em doca seca, ou o navio
avariou. Eu entendo as justificações todas, o que eu não posso é
continuar de braços cruzados quando os nossos associados são
prejudicados da forma como têm sido ao longo destes últimos anos. Não é
possível continuar por mais tempo. Tem de se arranjar uma solução”,
salientou.Uma das hipóteses levantadas
pelo presidente da CCIAH para resolver o problema é o lançamento de um
concurso público internacional para a prestação do serviço.“Definam-se
os toques, as obrigações, quanto custa. Indemniza-se quem tem de fazer o
serviço e cria-se previsibilidade e frequência”, propôs.Há
cerca de três anos, a Terceira deixou de ter também ligações marítimas
com carga contentorizada para as ilhas do grupo central, o que tem
condicionado o mercado interno, por exemplo, na comercialização de
carne.“Sentimos que a ilha Terceira nos
últimos anos tem sido alvo de um estrangulamento económico sem
precedentes, em que deixamos de ter ligações de carga contentorizada às
restantes ilhas do grupo central, com enorme penalização para o setor
muito específico da carne, onde a ilha deixou de ter acesso a carne
proveniente das outras ilhas”, apontou o presidente da CCIAH.Sem
revelar valores, Marcos Couto disse que os prejuízos são consideráveis e
que os números têm sido remetidos à tutela dos Transportes.Segundo
os empresários, o atraso da chegada dos navios provoca, em algumas
situações, a redução do valor de produtos frescos e há mesmo relatos de
perda de produtos perecíveis, como iogurtes, que já chegam no limite do
prazo de validade.No caso dos produtos
perecíveis, a chegada dos navios à sexta-feira ao final do dia obriga
também a custos logísticos acrescidos para as empresas, que se veem
obrigadas a pagar horas extraordinárias aos funcionários ao fim de
semana.“Desta forma nunca irá ser possível
a economia dos Açores crescer, nunca irá ser possível a economia da
ilha Terceira e do grupo central crescer, porque os prejuízos têm sido
muito consideráveis”, sublinhou Marcos Couto.