Empresários levam dívidas da administração regional ao provedor de Justiça
21 de out. de 2019, 15:54
— Lusa/AO online
"Tendo
em conta o volume muito significativo de dívidas, o Fórum considera
inadiável a apresentação por parte do Governo [Regional] de uma
estratégia para a sua regularização imediata. As promessas de
regularização, feitas em 2018 pelo vice-presidente do Governo, não foram
cumpridas, tendo antes sido agravada a situação", lê-se num comunicado
enviado à agência Lusa.As conclusões
resultam do encontro empresarial dos Açores, que reuniu entre
sexta-feira e sábado, na Horta, Faial, cerca de 40 empresários
representando as três Câmaras de Comércio do arquipélago e vários
setores de atividade.No encontro, as
Câmaras de Comércio alertaram que a situação de "atrasos de pagamentos
por parte da administração regional e do setor público empresarial" tem
"profundos reflexos negativos" nas empresas e na economia.Está-se
"perante um problema ético fundamental que distorce o funcionamento da
economia das empresas e dos serviços, de forma perigosamente disruptiva,
prejudicando gravemente o autofinanciamento das empresas e criando
atropelos à lei quando não aceita o pagamento de juros de mora. O Fórum
determinou que o assunto deve ser levado ao provedor de Justiça", refere
o comunicado.Os empresários dizem que
"foi constatada a persistência de pagamentos em atraso no setor público
empresarial da região (SPER), particularmente nas EPEs" (Entidades
Pública Empresariais) que "gerem os hospitais"."No
final do primeiro semestre de 2019, o SPER devia a fornecedores 202,8
milhões de euros (193,7 em igual período de 2018)", apontam, alertando
igualmente para a "continuidade da degradação dos resultados líquidos do
grupo SATA" que "resulta de um desacerto generalizado da operação da
SATA Internacional".Durante o fórum CCIA,
que teve como tema central a “Inovação e Transformação Digital”, foi
dada nota "negativa" para o facto de "permanecerem e aumentaram os
pagamentos em atraso do SPER" (setor público empresarial da região) e os
empresários alertaram para a situação da companhia aérea açoriana SATA,
que "continua a degradar-se, sem que se vislumbre a sua restruturação".Os empresários estão igualmente preocupados com "a continuada situação de precariedade da SATA Internacional"."O
modelo de atribuição do subsídio de mobilidade não foi alterado, os
modelos de obrigação de serviço público no transporte aéreo não foram
alterados, o modelo de transportes marítimos não foi alterado. o Governo
insiste, erradamente, na aquisição de um ‘ferryboat’ por quase 50
milhões de euros, os relatórios trimestrais das empresas do SPER
continuam a sair com um desfasamento de três meses e a não serem
disponibilizados em plataforma eletrónica", frisa ainda o comunicado. Como
"notas positivas" está "a estabilização da situação da Associação de
Turismo dos Açores (ATA), pese embora os desfasamentos pontuais ainda
existentes por parte das entidades públicas na salvaguarda das suas
responsabilidades, a dotação (47 milhões de euros) para a
recapitalização da SATA e o aumento, mesmo que insuficiente, das verbas
para a formação profissional".O Fórum
defende que, numa futura estrutura governamental, poderia ser criada
"uma pasta específica da economia que se centre, particularmente nos
transportes, turismo, comércio e indústria".Nos
transportes marítimos de carga e passageiros reafirmam que "o modelo
atual, como está, não serve adequadamente os interesses da economia e da
sociedade açorianas", sustentando que os efeitos do furacão ‘Lorenzo’,
no início do mês, "impõem uma reflexão estratégica".O
Fórum solidarizou-se com as empresas e com as famílias afetadas pelo
furação, com especial destaque nas ilhas das Flores, Corvo e Faial,
aguardando os empresários que “seja possível repor a normalidade com a
maior brevidade”.