Empresários insurgem-se contra plano e orçamento da VisitAzores para 2026
Hoje 10:00
— Nuno Martins Neves
Tempos conturbados na VisitAzores, a entidade responsável pela promoção turística externa da região: o plano e orçamento para o próximo ano foi aprovado por maioria, mas debaixo de um coro de protestos dos empresários, que consideraram que os documentos apresentados não dão resposta aos desafios atuais do setor.Primeiro foi a Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada (CCIPD) a dar voz ao seu desagrado, na véspera de Natal. Agora foi a Câmara de Comércio e Indústria dos Açores (CCIA) a juntar a sua voz contra o plano e orçamento da VisitAzores para o próximo ano.Os empresários receberam mal o orçamento de 8 milhões de euros, proposto pela direção da VisitAzores, presidida por Luís Capdeville, por significar um corte de 3,2 milhões de euros face ao orçamento do presente ano.Isto num período em que os mais recentes indicadores apontam para um abrandamento do número de hóspedes e de dormidas, com especial impacto no mercado nacional.“A situação atual do turismo nos Açores não é positiva, uma vez que vem registando quebras a nível do número de hóspedes e de dormidas, divergindo pela negativa em relação ao que se verifica no país e, muito em especial, na Madeira”, assinala a nota de imprensa da CCIA.Segundo os últimos dados do Serviço Regional de Estatística dos Açores, as dormidas em novembro registaram a segunda quebra homóloga consecutiva, após 18 meses de crescimento.Os empresários expressam a sua “profunda preocupação e discordância” com a “continuada insuficiência de recursos financeiros” disponíveis para a VisitAzores fazer o seu trabalho, estabelecendo ainda a comparação com a realidade do arquipélago vizinho que, para 2026, prevê o dobro da verba disponibilizada para os Açores (16 milhões de euros)“O investimento dos Açores em matéria de promoção é substancialmente inferior ao que a Madeira vem executando ao longo dos anos, mesmo sendo um destino consolidado. Os resultados muito positivos que aquela região vem conhecendo, demonstram os efeitos do investimento realizado, conjugado com estratégia e políticas públicas continuadas e consistentes e uma gestão profissional e eficiente”, aponta a entidade que representa os empresários açorianos.Mas não é só o orçamento que a VisitAzores terá ao seu dispor no próximo ano que foi alvo de crítica pelos empresários: a própria estratégia delineada merece reparos, assim como não estar a ser tido em conta as questões relacionadas com as ligações aéreas.“O atual contexto exigia uma outra visão, eficiência e meios financeiros mais volumosos para o setor, consonantes com valor do seu retorno para a economia e à representação no PIB regional e, face, também, ao anunciado fim da operação da Ryanair na Região e do seu impacto na economia regional, à incerteza da privatização da Azores Airlines e também do futuro das ligações da TAP quando privatizada”.Pelo impacto que o setor tem na economia açoriana - representa 17% do PIB e 17% do emprego no arquipélago - a CCIA defende que o Turismo “necessita de uma atenção especial, de visão pública estratégica, de meios financeiros adequados e concretos e ainda de maior conjugação e concertação entre entidades públicas e os agentes económico”.Já a CCIPD teve palavras mais duras para o plano e orçamento proposto. Em nota de imprensa, a entidade que representa os empresários do Grupo Oriental diz que o processo está a ser conduzido “de forma displicente”, tanto pela VisitAzores, como pelo Governo Regional dos Açores.“Não há memória recente de, numa Assembleia Geral da VisitAzores, entidade responsável pela promoção do destino Açores, terem sido apresentados votos de protesto, como os que agora ocorreram, o que bem demonstra a gravidade da situação e o descontentamento generalizado de uma parte significativa dos agentes económicos, onde se inclui a CCIPD”, lê-se na nota de imprensa.O Açoriano Oriental procurou uma reação por parte do presidente da VisitAzores, Luís Capdeville, mas não foi possível.