Empresários e municípios contra aplicação de taxa turística nos Açores
4 de out. de 2022, 12:23
— Lusa/AO Online
“Esta taxa não nos
serve! Estamos a três meses da entrada em vigor e não há nenhuma
plataforma para que possamos aplicar essa taxa aos nossos clientes”,
queixou-se João Pinheiro, representante de uma associação de alojamento
local, que é também um dos primeiros subscritores de uma petição
entregue na Assembleia Legislativa Regional a exigir a “revogação
imediata da taxa turística”.O parlamento
dos Açores aprovou em abril, por proposta do PAN, a criação de uma taxa
turística regional, no valor de um euro por dormida (dois euros para os
turistas que chegam à região em navios de cruzeiro), a partir de 01 de
janeiro de 2023.A proposta foi aprovada
com 28 votos a favor, do deputado do PAN, PS, BE e deputado
independente, ao passo que PSD, CDS-PP, PPM, IL e Chega votaram contra.O
empresário, ouvido pela Comissão de Economia do parlamento
açoriano, entende que esta taxa “não é de fácil aplicação”, além de
poder gerar “mais burocracia” na atividade de alojamento no arquipélago,
a qual deve estar mais preocupada em “receber bem os turistas” e não em
cobrar-lhes mais um imposto.Raquel
Franco, representante da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores,
também ouvida pelos deputados, na condição de peticionária, considera
que a taxa turística vai gerar uma “qualificação negativa para o setor”.Defende,
em alternativa, que sejam aplicadas tarifas de acesso a pontos
turísticos, como acontece com a Poça da Dona Beija, o ilhéu de Vila
Franca e a Caldeira Velha, em São Miguel, ou a subida à montanha do
Pico.Já Andreia Pavão, representante da
Associação Hoteleira de Portugal, também subscritora da petição entregue
no parlamento com mais de 350 assinaturas, refere que “não faz sentido”
a criação de uma taxa turística sem qualquer contrapartida.Os
empresários recordam que o setor está ainda “fragilizado” pelos efeitos
da pandemia e da guerra na Ucrânia e também agora pelo aumento da
inflação, pelo que a taxa turística seria um "sinal errado e negativo
para o destino Açores”.Alexandre
Gaudêncio, vice-presidente da Associação de Municípios da Região
Autónoma dos Açores (AMRAA), também manifestou a sua discordância em
relação à criação de uma taxa turística regional, defendendo, que cada
autarquia deve ter autonomia para aplicar uma “taxa turística
municipal”.“Não faz qualquer sentido uma
taxa turística regional. Os municípios é que deviam ter a liberdade para
aplicarem taxas turísticas municipais, como acontece pelo país fora”,
realçou o autarca social-democrata, durante a audição parlamentar.A
Comissão de Economia da Assembleia Legislativa dos Açores tinha
previsto ouvir também a secretária regional do Turismo, Mobilidade e
Infraestruturas, Berta Cabral, que já manifestou publicamente a
discordância em relação à taxa turística nos Açores, mas a audição foi
adiada para 26 de outubro.