Empresários dos Açores contra semana de quatro dias na administração pública regional
16 de out. de 2025, 15:10
— Lusa/AO Online
Em
comunicado, a associação empresarial das ilhas de São Miguel e Santa
Maria demonstra “a sua preocupação e total discordância” para com a
medida, “apresentada como experiência de modernização laboral”, por
considerar que “representa, na realidade, um exercício de completo
alheamento face à situação económica e social dos Açores”.“Num
momento em que as empresas lutam diariamente contra a escassez de
mão-de-obra, o aumento dos custos e a necessidade de manter a
produtividade e a competitividade, o Governo Regional opta por
transmitir um sinal errado - o de que é possível trabalhar menos, sem
consequências, exigindo, ao mesmo tempo, mais do setor privado”,
justifica.A direção da
CCIPD considera que a decisão “cria uma injustiça evidente, pois concede
privilégios a alguns trabalhadores, pagos pelos impostos de todos,
ignorando as dificuldades das empresas que sustentam a economia regional
- nomeadamente nos setores do turismo, comércio, agricultura, pescas e
indústria, onde o trabalho diário é indispensável e não pode ser
interrompido ao fim de quatro dias”.Para a
associação empresarial, os Açores “não são, nem devem ser, um campo de
ensaio para medidas importadas de países com realidades económicas e
sociais muito distintas”.“Os Estados que
têm vindo a testar a semana de quatro dias dispõem de níveis de
produtividade, qualificação de recursos humanos e de rendimento muito
superiores aos nossos. Nos Açores, a consequência mais previsível será a
redução da eficiência, o aumento das desigualdades e a desmotivação dos
trabalhadores do setor privado e também do público em geral”,
justifica.Além disso, acrescenta, é
“inaceitável que, numa região que enfrenta uma grave falta de recursos
humanos e com ‘deficits’ orçamentais consecutivos, o próprio Estado
decida reduzir o tempo de trabalho dos seus colaboradores, agravando o
fosso entre o setor público e o setor privado”.Para
a CCIPD, o Governo Regional “deveria concentrar-se em melhorar o
funcionamento dos serviços públicos, reforçar os recursos humanos onde
eles escasseiam e criar condições para o crescimento do setor produtivo,
em vez de promover medidas simbólicas e desajustadas da realidade”.Assim, “este não é o momento, nem o contexto, para experiências sociais de fundamento duvidoso”, salienta.