Empresários do Pico dizem que ligações aéreas interilhas respondem minimamente
19 de abr. de 2021, 15:23
— Lusa/AO Online
Em declarações
à agência Lusa, Rui Lima disse que, ao abrigo das obrigações de serviço
público do transporte aéreo interilhas, na rota Ponta
Delgada/Pico/Ponta Delgada, a SATA Air Açores “transportou o triplo dos
passageiros” a que era obrigada.O
responsável referiu que, no caso da ligação Terceira/Pico/Terceira, a
operadora aérea “transportou menos cerca de um terço dos passageiros”.Para
Rui Lima, seria “extremamente fácil, técnica e estatisticamente,
sustentar que a proposta agora em discussão [das obrigações de serviço
público], relativamente à ilha do Pico, responde em números mínimos
obrigatórios ao que foi a procura das rotas Terceira e Ponta Delgada”.A
abertura do concurso internacional para prestação de obrigações de
serviço público de transporte aéreo interilhas nos Açores gerou
discórdia entre as câmaras do comércio da região.A
centralização dos transportes interilhas no aeroporto de Ponta Delgada
foi a principal questão levantada pelas câmaras de comércio na região.O
dirigente da ACIP abstém-se de comentários no “contexto ou opções
políticas”, mas diz-se interessado em “responder sim, à procura
económica e às necessidades empresariais da ilha do Pico”.Segundo
Rui Lima, com base em dados de 2018, existe uma “discrepância, na ótica
origem e destino, entre o transporte efetivo de passageiros e os
mínimos estipulados no contrato de obrigações de serviço público em
vigor” para o interilhas.“Este histórico
serve de 'driver' na construção da rede 2020-2024 e permite adotar
pressuposto para o novo contrato das obrigações de serviço público,
assumindo a satisfação das necessidades dos passageiros de forma
economicamente racional”, referiu.Rui Lima
considerou, a propósito da criação pelo Governo dos Açores de uma
tarifa única de 60 euros para deslocação dos residentes entre as ilhas
dos Açores, que “é muito positivo essa medida para a mobilidade dos
açorianos”.Na sua leitura, a medida “promove o turismo interno, pois é possível conhecer qualquer ilha dos Açores por 60 euros”. Questionado
sobre quais as perspetivas sobre a época alta de 2021 do turismo, o
presidente da ACIP afirma que “nesta altura reina a incerteza do
momento, em virtude da pandemia”, mas, no entanto, “há esperança que a
situação evolua positivamente e que possa superar o ano de 2020”.Entretanto,
a associação, numa carta dirigida via email ao presidente do Governo
dos Açores, José Manuel Bolieiro, solicitou que a ACIP seja consultada
em “todos os assuntos que visem a ilha do Pico e os seu tecido
empresarial”.Refere-se, a título de
exemplo, que em relação às obrigações de serviço público no transporte
aéreo de passageiros interilhas “não houve qualquer pedido de opinião
nem de parecer”.“Consideramos que, apesar
de lamentavelmente não sermos reconhecidos pelos nossos pares de Ponta
Delgada, Angra e Horta, a nossa associação é legalmente constituída,
reconhecida em todo o arquipélago pelo seu trabalho nos últimos 39 anos
e, mais importante, tem a legítima representatividade dos empresários do
Pico”, afirmou Rui Lima.O dirigente
apontou que “seria irrelevante referir que a ilha do Pico tem tantas
empresas como o somatório das três restantes ilhas, representadas pela
Câmara de Comércio e Indústria da Horta. Mas, mesmo que tivesse metade
ou um terço, é justo, em pleno século XXI, que os picoenses sejam donos
ou responsáveis pelo seu futuro”, sendo uma “fantasia pensar que não há
legitimidade da ACIP na sua representatividade”.Apesar
de ter um “enorme respeito pelas três câmaras do comércio”, a ACIP
“revê-se em muitas das posições da Câmara de Comércio e Indústria dos
Açores e gostaria de contribuir com estas instituições para o progresso
dos Açores”.“Não podemos, contudo, aceitar
que o Pico e os seus empresário sejam excluídos de emitir opinião,
relativamente ao que diretamente lhes diz respeito”, considerou o líder
da ACIP.