Empresários de Angra do Heroísmo compreensivos com modelo alternativo das Sanjoaninas
Covid-19
18 de jun. de 2021, 11:56
— Lusa/AO Online
“É óbvio que traz impacto na
economia da ilha, mas eu gostaria de realçar, acima de tudo, o enorme
sentido de responsabilidade e de compreensão que temos visto por parte
dos nossos empresários. Entendem perfeitamente o modelo que está a ser
implementado”, avançou, em declarações à Lusa, o presidente da CCAH,
Marcos Couto.Depois de um ano em que as
festas foram canceladas devido à pandemia de Covid-19, o município de
Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, decidiu voltar a organizar as
Sanjoaninas em 2021, de 18 a 27 de junho, mas num formato diferente, com
entradas limitadas em eventos e sem animação de rua.Segundo
Marcos Couto, a associação empresarial deu o seu contributo para um
modelo “intermédio”, que já permite “algum nível de abertura”, sem
“colocar em causa a saúde pública”.“É o
modelo possível, de forma a garantir que se mantenham níveis de saúde
pública, que não coloquem em risco, mais tarde, a própria atividade
económica de uma forma mais dramática”, disse.As
festas que celebram o São João em Angra do Heroísmo são consideradas
das maiores festas profanas dos Açores, e durante 10 dias a cidade
costumava encher-se de cortejos, marchas populares, música, gastronomia,
tauromaquia, desporto e exposições, entre outras atividades.O
impacto económico é difícil de quantificar, mas as Sanjoaninas são
habitualmente um dos períodos do ano que atrai mais turistas e
emigrantes à ilha, esgotando a capacidade da hotelaria.O
centro histórico da cidade enchia-se também de pequenas tascas que,
juntamente com os restaurantes já existentes, serviam milhares de
refeições todos os dias.“É claro que
percebíamos perfeitamente o impacto que tinha, não só o direto ao nível
da restauração, como de atividades paralelas, porque víamos muita gente
que montava pequenos negócios e pequenas atividades que permitam que se
ganhasse algum dinheiro durante este tempo”, salientou Marcos Couto.Abel
Gorgita, proprietário de um restaurante em plena Rua de São João,
reconheceu que as quebras serão acentuadas e lembrou que as Sanjoaninas
eram “uma lufada de ar fresco para os meses mais fracos”.“É
uma coisa lindíssima na nossa ilha. Chegam pessoas de todo o mundo e os
nossos emigrantes e a ilha toda está em festa, é uma alegria constante.
A nível económico, é claro que tem um impacto financeiro muito grande”,
adiantou.O empresário acredita que numa
ilha “sem transmissão comunitária” do SARS-CoV-2 que provoca a doença
covid-19, com casos “controlados”, seria possível “abrir um bocadinho as
restrições” neste período de festas, mas aceita que sejam impostas, se
for para garantir um regresso à normalidade já em “agosto ou setembro”.“O
modelo alternativo é sempre necessário no sentido de não fazer esquecer
as Sanjoaninas, agora a nível económico não tem comparação nenhuma”,
referiu.Para a costureira Maria de Fátima
de Leal, as festas, mesmo que limitadas, foram uma “almofada”, num ano
em que registou uma redução de serviços de “80% ou mais”.Há
mais de 20 anos que confeciona indumentárias para os desfiles das
Sanjoaninas e de outras festas da ilha, mas a pandemia levou ao
cancelamento de todas as festividades.“As
costureiras da ilha vivem mais é das festas: das marchas, do Carnaval e
dos cortejos em si. Ficámos reduzidos ao básico, às bainhas e aos
cortinados, muito pouco ou nada”, revelou.Maria
de Fátima é uma das várias costureiras responsáveis pelo cortejo de
abertura das Sanjoaninas de 2021, para o qual trabalhou durante cerca de
um mês, mas que este ano só poderá ver através da internet ou da
televisão.“Mesmo sendo em suporte digital
foi muito bom. Não sei o impacto que vai ter. Estou ansiosa para ver,
mas é muito bom, principalmente para o nosso ramo, que estava triste,
pela questão monetária e sem saber o que era o nosso futuro”, afirmou.