Empresários da ilha de São Miguel querem reforço da promoção turística em 2024
18 de set. de 2023, 17:17
— Lusa
“Relativamente
ao Plano, uma rubrica onde achamos que deve haver algum reforço é no
turismo, na parte da promoção”, declarou o presidente da CCIPD Mário
Fortuna.O líder da associação empresarial
das ilhas de São Miguel e de Santa Maria falava aos jornalistas na sede
da Presidência, em Ponta Delgada, após uma reunião com o líder do
Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, no âmbito do
processo de auscultação sobre as antepropostas de Plano e Orçamento para
2024.Mário Fortuna alertou para os
impactos na economia provenientes da redução de voos da Ryanair para as
ilhas de São Miguel e Terceira.“[No
turismo] vamos bater recordes até ao fim do ano. Vamos ter,
infelizmente, uma perspetiva de inflexão no sentido negativo a partir de
novembro com a redução da operação de uma das companhias aéreas”,
lamentou.E acrescentou: “Vamos entrar num
período mais conturbado deste setor, quer por via da redução do poder de
compra de todos os mercados emissores, (…) quer pela contingência que
nos é criada com a redução da operação da Ryanair para os Açores”.Quando
questionado, o economista e professor universitário rejeitou
“taxativamente” a criação de um Orçamento com endividamento zero para
2024, tal como aconteceu este ano.“O
endividamento zero não é muito sensato. Nunca foi. Não é hoje que vai
ser. O endividamento a variar menos do que o crescimento da economia faz
todo o sentido”, vincou.Mário Fortuna defendeu que os níveis de endividamento não devem ser mais acentuados do que o crescimento económico.“Se
o endividamento zero quer dizer que vamos deixar pagamentos em atraso
às empresas, somos contra. Se quer dizer que vamos deixar investimentos
por fazer, somos contra. É preciso salvaguardar de forma inteligente
essas variáveis”, defendeu.O economista
avisou que é “muito diferente” defender o endividamento zero ou a
redução do rácio de endividamento sobre o Produto Interno Bruto.“O
endividamento zero pode potencialmente criar outros problemas. O
acréscimo do endividamento às empresas nas dívidas em atraso advém daí.
Não faz muito sentido. Estamos a contaminar a economia e é a mau para
todos”, criticou.Fortuna destacou ainda o
“contexto muito complexo” derivado do aumento das taxas de juro e de uma
política “muito restritiva” do Banco Central Europeu: “as políticas
sociais terão de continuar”.O Orçamento
para 2024 vai ser o primeiro a ser votado após a IL e o deputado
independente terem denunciado os acordos escritos que sustentavam o
Governo Regional.Os três partidos que
integram o Governo Regional (PSD, CDS-PP e PPM) têm 26 deputados na
Assembleia Legislativa. Com o apoio do deputado do Chega somam 27
lugares, número insuficiente para a maioria.A
Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados e, na
atual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM,
dois do BE, um da Iniciativa Liberal, um do PAN, um do Chega e um
deputado é independente (eleito pelo Chega).