Empresários acusam EDA de não querer otimizar rede energética
4 de abr. de 2023, 16:17
— Lusa
“A EDA prefere continuar a
receber dinheiro da República, pela sua ineficiência de gestão, com
claros custos para todo o tecido empresarial dos Açores, do que otimizar
a rede. Uma empresa com 51% de capitais públicos não pode fazer a
proteção dos investidores. A sua obrigação deve ser a defesa do tecido
empresarial da região”, avançou a associação empresarial, que representa
as ilhas Terceira, São Jorge e Graciosa, em comunicado de imprensa.Na
inauguração do novo sistema de armazenamento de energia por bateria da
ilha Terceira, a 13 de março, o presidente do conselho de administração
da EDA, Nuno Pimentel, alertou para os elevados custos de produção de
energia nos Açores, alegando que a região tem “nove mercados isolados”,
porque não é “técnica e economicamente viável” transportar eletricidade
por cabos submarinos entre as nove ilhas.Nuno
Pimentel disse ainda que o arquipélago ficou excluído do mercado
liberalizado europeu “por decisão da Comissão Europeia”, por se integrar
nas “micro-redes isoladas”, e ter consumos “muito distantes dos 3.000
gigawatts, dimensão considerada mínima para um mercado liberalizado
eficiente”.Agora, a CCAH, liderada por
Marcos Couto, manifestou a “total discordância” com as declarações do
presidente da EDA, criticando a “grande resistência à liberalização do
mercado energético nos Açores”.“A nível
nacional a expectativa é que todos os clientes do mercado regulado
transitem para o mercado livre de energia até ao final de 2025, enquanto
nos Açores, tudo se mantém. Mas, pode-se e deve-se fazer mais”,
apontou.Nuno Pimentel lembrou que os
Açores já tinham tentado instalar, sem sucesso, um cabo submarino para
partilha de energia entre as ilhas do Pico e do Faial, na década de 80,
alegando que a região não tinha “fundos marinhos adequados” para
soluções deste tipo.A CCAH alega, no
entanto, que “as soluções evoluíram muito ao longo dos anos”, dando como
exemplo “o investimento avultado na interligação entre redes elétricas
da Noruega e Alemanha, considerado projeto de interesse comum pela União
Europeia”.“Este cabo submarino tem mais
de 600 quilómetros de comprimento. Não nos parece, como referido pelo
administrador, que o fundo do mar dos Açores, onde existem ligações por
cabo de rede, não possa comportar um cabo semelhante e adaptado à nossa
realidade”, referiu.A associação
empresarial considerou que a estratégia da energia para os Açores está
“totalmente errada” e desafiou a EDA a apostar em medidas que tornem “a
energia mais barata, através da ligação por cabo entre todas as ilhas,
otimizando a rede, através da canalização dos excessos de produção para
as ilhas onde ela é necessária”.“A mudança
é sempre difícil e é sempre mais fácil aceitar o que conhecemos, ou
seja, deixar tudo como está, incluindo lucros anuais de 10 milhões de
euros, mas não podemos ignorar que apenas apostando em soluções
inovadores podemos efetivamente desenvolver a nossa região e melhorar as
condições do povo açoriano”, frisou.A
CCAH apelou a uma “reflexão estratégica sobre o futuro do setor
energético nos Açores”, num ofício enviado ao presidente do Governo
Regional, José Manuel Bolieiro (PSD/CDS-PP/PPM), no qual também
manifestou “preocupação” com o aumento dos preços da energia,
reivindicando a “implementação de medidas compensatórias”.Entre
as propostas enviadas ao presidente do executivo açoriano estão um
pedido de uma revisão intermédia do preço da eletricidade a meio do ano e
a criação de apoios diretos aos grandes consumidores, com autorização
da União Europeia.Os empresários
reivindicam ainda a melhoria dos incentivos existentes e a criação de
novos incentivos ao uso de energias renováveis, o aumento de postos de
carregamento de veículos elétricos e a criação de benefícios fiscais
para quem usa estes veículos, entre outras medidas.