Empresários açorianos pedem plano regional de privatizações robusto
13 de nov. de 2024, 15:15
— Lusa/AO Online
“Este
contexto muitíssimo complexo e adverso impõe, por maioria de razão, um
impulso reformista que passa, por exemplo, pela criação e execução de um
robusto plano regional de privatizações, que inclua empresas do setor
público empresarial, com a Azores Airlines à cabeça”, afirmou o
presidente da associação empresarial, numa conferência de imprensa, em
Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.Para
além da companhia aérea Azores Airlines, do grupo SATA, que o Governo
Regional dos Açores já prevê privatizar, o empresário
considera que devem ser privatizadas as restantes empresas do grupo: a
SATA Handling, responsável pelos serviços de apoio em terra, e a
companhia SATA Air Açores, que assegura as ligações aéreas entre as
ilhas do arquipélago.Marcos Couto propôs
ainda a privatização de empresas como a Atlânticoline, que assegura o
transporte marítimo de passageiros, a Portos dos Açores, que gere os
portos da região, e os matadouros regionais.“Não
cabe aos governos ter companhias aéreas, hotéis, termas, fábricas, não é
esse o papel do Estado. O papel do Estado é muito mais vocacionado para
a Educação e para a Saúde e essas são as áreas essenciais onde o Estado
deve estar, em tudo o resto está a retirar espaço à iniciativa
privada”, reforçou.Segundo o presidente da
associação empresarial das ilhas Terceira, Graciosa e São Jorge, as
empresas públicas regionais nos Açores são usadas “como arma política de
criação de emprego” e isso reflete-se nas contas da região.“A
SATA Air Açores tem seis aviões e 750 funcionários, ou seja, andamos
numa média de cento e muitos funcionários por avião. A média de uma
companhia aérea não ‘low cost’ por avião anda nos 40 e poucos
funcionários, nas ‘low cost’ anda à volta dos 30 funcionários por
avião”, apontou.Na leitura de um
comunicado, que será transformado numa carta enviada ao presidente do
Governo Regional, José Manuel Bolieiro, o presidente da CCIAH disse que
as maiores preocupações dos empresários prendem-se com a
“sustentabilidade financeira da região” e defendeu que problema “só se
resolve se houver um aumento da receita e uma redução significativa da
despesa”.“A difícil situação que a região
enfrenta é bem patente nas dificuldades do Governo Regional em cumprir
com os seus compromissos junto das empresas, instituições sociais e
associações, o que exige uma mudança de paradigma, menos
assistencialista e cada vez mais assente nas empresas e na criação de
riqueza através destas”, salientou.Na
apresentação de contributos para alterar a situação socioeconómica dos
Açores, Marcos Couto lembrou medidas anteriormente propostas pela
associação empresarial, como a implementação de uma taxa de
sustentabilidade turística, destinada a financiar, por exemplo, à
“criação de uma rede regional de armazenamento de água”.O
responsável insistiu ainda na abertura de um diálogo regional sobre a
utilização de organismos geneticamente modificados, “com vista a
aumentar a produtividade agrícola e fortalecer a autossuficiência
alimentar dos Açores”, e propôs alterações ao modelo de transporte
marítimo de mercadorias.O empresário
defendeu também a descentralização de competências para as câmaras
municipais, a criação de uma câmara alta no Parlamento açoriano e uma
maior valorização do papel dos conselhos de ilha.Além
disso, considerou igualmente urgente uma reforma da administração
pública regional, que assegure a redução do peso dos funcionários
públicos e a modernização de serviços, com recurso à inteligência
artificial.“A CCIAH tem estado na linha da
frente na discussão dos problemas e na apresentação de soluções. O
tempo acaba sempre por nos dar razão”, sublinhou.