Empresa de vigilância com salários em atraso nos Açores pode ser comprada
24 de out. de 2019, 14:35
— Lusa/AO Online
O
coordenador nos Açores do Sindicato dos Trabalhadores de Atividades
Diversas (STAD), Pedro Martins, que referiu haver uma nova administração
naquela sociedade anónima, declarou que esteve presente numa reunião,
em 08 de outubro, em que o tema foi abordado.O
sindicalista contou que a reunião "foi produtiva”, no âmbito da busca
de saídas para que a empresa “seja viável” e comece a “dar lucros” e,
por esta via, a “cumprir com os trabalhadores”.Há
vários meses que a empresa tem salários em atraso, sendo que a Inspeção
Regional do Trabalho (IRT) está a acompanhar a situação, promovendo
intervenções nas ilhas onde se concentram a maior parte dos
trabalhadores desta empresa, ou seja, São Miguel, Terceira e Faial.No
verão, a IRT notificou a empresa para proceder ao pagamento de todas as
importâncias que se encontram em atraso e, no caso de não ser reposta a
regularidade no pagamento de salários, admitiu a hipótese de agir de
forma coerciva, com o levantamento de auto e o apuramento das
importâncias em dívida aos trabalhadores e à Segurança Social.Afirmando
que a Provise, “nos últimos meses, tem tido muitas dificuldades de
cumprir com os trabalhadores”, o sindicalista declarou que a nova
administração da sociedade anónima, com cerca de 500 trabalhadores nos
Açores, pediu “alguma paciência” ao STAD porque “se iria, nos próximos
dois meses, tentar resolver as questões que estão pendentes” – incluindo
a “mais grave, os salários em atraso” -, por via de um empréstimo à
banca. Sobre a intenção de compra da
Provise, o sindicalista adiantou haver “acionistas que estão a criar
dificuldades” na sua venda e referiu ter tido informação de que se
pretende regularizar os salários, de "forma faseada, à medida que vão
recebendo dos clientes", mas desconhece-se se isto irá acontecer “nos
próximos dias ou dentro de um mês, ou dois”. Pedro
Martins afirmou ter conhecimento de que atualmente "são os próprios
clientes da Provise que têm vindo a pressionar a empresa, como já
cumpriram com esta, para pagarem os trabalhadores".Foi o caso, indicou, da empresa Insco, que detém a maior superfície comercial dos Açores. Na
sequência de uma concentração de trabalhadores em junho deste ano, o
STAD considerou que a Provise “é muito mal gerida e o que faz é violar
totalmente os direitos dos trabalhadores, desde praticar salários em
atraso até à imposição de horários de trabalho de 12 horas, entre muitas
outras ilegalidades”.Entre os vários
clientes da Provise, maior empresa de vigilância dos Açores,
encontram-se três empresas públicas: a transportadora aérea SATA, a
Empresa de Eletricidade dos Açores (EDA) e a Norma-Açores.A agência Lusa tentou, sem sucesso, contactar a empresa Provise, fundada em novembro de 1994, na ilha de São Miguel.