Empresa de laticínios quer iniciar produção de leite biológico nos Açores
16 de nov. de 2017, 15:17
— Lusa/AO online
“Nos
Açores ainda não há leite biológico, mas estamos a trabalhar nisto. No
país existem umas situações muito pequenas, mas não têm o potencial que a
região tem”, disse Ana Cláudia Sá aos jornalistas após uma reunião com o
secretário regional da Agricultura e Florestas, João Ponte.A
responsável do grupo BEL, com uma fábrica no concelho da Ribeira
Grande, em São Miguel, explicou que "para cada produtor são necessários,
no mínimo, dois anos para a reconversão", destacando que o projeto visa
criar um produto diferenciado e com "uma procura gigante na Europa".Ana
Cláudia Sá adiantou que o Governo regional e a BEL estão a trabalhar
neste projeto, nomeadamente na forma como será feita a reconversão para
"evitar desequilíbrios a curto prazo", já que o processo implica
alterações em termos da pastagem, mas também nas unidades fabris.
“Estamos a trabalhar como incentivar este tipo de produção, que vai dar
origem a um leite muito mais valorizado, que dá mais lucro ao produtor e
às indústrias”, explicou.A
diretora geral da BEL em Portugal considerou que os Açores têm "uma
vantagem competitiva", porque têm "a pastagem como base de alimentação".Ana
Cláudia Sá explicou que, para produzir leite biológico, um produtor não
pode colocar nem fertilizantes, nem pesticidas nos solos, nem pode usar
nada que seja processado quimicamente."Atualmente e produção biológica em França é cerca de 3% do total de produção de leite e há uma procura enorme", acrescentou.
Referiu ainda que a produção de leite biológico assenta numa estratégia
de valorização do leite açoriano, depois da aposta no programa Leite
Vacas Felizes lançado em janeiro de 2015 e que, de acordo com a
diretora-geral, representa já cerca de 25% da produção da BEL, sendo "um
leite muito valorizado e, em particular, pelo consumidor português".O
secretário regional da Agricultura e Florestas sustentou que o Governo
regional "vê com muito bons olhos a visão estratégica da BEL", que "dá
garantias que será um projeto de sucesso na produção de um leite com uma
grande procura no norte da Europa".João
Ponte realçou que a aposta na produção de leite biológico é estratégica
para os Açores, pela valorização que resulta, pelo potencial natural
nas ilhas, captação de novos mercados e criação de mais riqueza para
agricultores e indústria."Não
vamos pensar que nos Açores todos vão enveredar pelo biológico, mas
existem muitos produtores que têm conduções para evoluir para a produção
biológica", disse, assinalando que, durante os dois anos de
reconversão, “os produtores terão menos produção, menos rendimento, mas a
indústria irá pagar o leite a um valor superior, como forma de
compensação”.O
titular pela pasta da Agricultura sustentou que, no próximo ano, será,
uma vez mais, renegociado com os representantes do setor as ajudas no
âmbito do POSEI (programa específico para as regiões ultraperiféricas)
que já contempla discriminações positivas para as produções em modo
biológico. Os primeiros pacotes de leite biológico dos Açores deverão estar disponíveis em 2020.