Empresa cria tecnologia que deteta primeiras chamas de incêndio florestal
Uma empresa, incubada no Parque de Ciência e Tecnologia da Universidade do Porto (UPTEC), desenvolveu uma nova tecnologia capaz de detetar as primeiras chamas de um incêndio florestal, permitindo às forças de combate uma atuação "mais rápida".

Autor: LUSA/AO Online

“A nova tecnologia tem um sensor que deteta, até cerca de 12 quilómetros de distância, um aumento de temperatura e uma variação na concentração de dióxido de carbono em ambiente florestal, emitindo um alerta aos meios de socorro”, afirmou hoje à Lusa a responsável de desenvolvimento de negócio da empresa Flicks, autora do projeto, Marina Machado. Este projeto, ainda em fase piloto, dá indicações aos meios de socorro da localização exata, intensidade e propagação do incêndio, assim como os meios necessários e trajetos mais indicados para lá chegar, logo “nos primeiros minutos”. “Desta forma, os bombeiros podem intervir de uma forma mais rápida e eficiente no combate às chamas evitando, assim, o aumento da área ardida”, afiançou. Marina Machado explicou que o alerta dado por esta tecnologia é, antes de emitido às forças de comando, confirmado pelo sensor que estiver mais próximo. “A tecnologia é colocada de 12 em 12 quilómetros, em estruturas já existentes nas florestas, tais como antigas casas florestais, e na sua ausência são construídos novos postos sempre acima da copa da árvore e com o menor impacto ambiental”, explicou a responsável. E, acrescentou, “a tecnologia cobre o equivalente a 40 campos de futebol”. A investigadora salientou que a tecnologia funciona 24 horas por dia, através de energia eólica ou solar. A investigação para o desenvolvimento deste projeto-piloto iniciou-se há cerca de dois anos e, após aprovação dos testes laboratoriais, espera agora ser implementada no mercado, necessitando de um investimento de 50 mil euros, referiu Marina Machado. Segundo a responsável, a motivação do desenvolvimento deste projeto prendeu-se com o objetivo de combater um “flagelo” que todos os anos afeta o país. “Acreditamos que a tecnologia é uma ferramenta de apoio e uma mais-valia para as forças de combate aos incêndios”. Marina Machado realçou ainda que a tecnologia dá indicações sobre o crescimento de espécies arbóreas na floresta. O pró-reitor da Universidade do Porto (UP) Carlos Brito considerou que este projeto “mais não é” do que a materialização do conhecimento gerado no seio das faculdades, criando “valor económico e social”. “Esta tecnologia é extremamente benéfica para a sociedade, porque poupa vidas humanas e protege a floresta”, realçou o também diretor do UPTEC. O UPTEC, em funcionamento há sete anos e cofinanciado em 15,4 milhões de euros por fundos comunitários, acolhe atualmente mais 185 projetos empresariais e gerou entre 2200 a 2500 postos de trabalho, revelou o responsável. Em 2013, a UPTEC, que engloba um polo tecnológico, biotecnológico, indústrias criativas e do mar, venceu o prémio europeu RegioStars na categoria ‘Crescimento Inteligente’.