Empordef avança com proposta para ceder Atlântida por preço "muito abaixo" de concurso
A Empordef vai propor ao Governo Regional dos Açores a cedência do ferryboat "Atlântida", em regime de frete, por um preço "muito abaixo" do concurso internacional aberto este mês pela Atlânticoline.

Autor: Lusa/AO online

Segundo fonte daquela ‘holding’ pública, que tutela as indústrias de Defesa, a proposta formal seguirá dentro de dias por carta e visa reduzir os encargos que aquele navio representa para o Estado, depois de ter sido rejeitado em 2009 pelos Açores.

"Estamos em condições de disponibilizar o ‘Atlântida' aos Açores por valores muito mais baixos do que o anunciado no concurso internacional que foi lançado pela Atlânticoline para fretar dois navios", explicou a mesma fonte.

Contactada pela agência Lusa, fonte do Ministério da Defesa Nacional confirmou a intenção de apresentar esta proposta, mas sem adiantar mais pormenores.

Recorde-se que o concurso internacional lançado pelo Governo dos Açores prevê o fretamento de dois navios, entre 2013 e 2014, por 16,4 milhões de euros.

Entretanto, o deputado do PSD eleito por Viana do Castelo, Eduardo Teixeira, apelou, em declarações à agência Lusa, ao "entendimento" entre os dirigentes socialistas para aceitação desta proposta.

"Os dirigentes do PS, seja o presidente da Câmara, o líder distrital de Viana do Castelo e os responsáveis nacionais do partido devem sentar-se à mesma mesa com o Governo Regional dos Açores para analisar esta abertura que está ser feita pelo Governo", afirmou.

Para Eduardo Teixeira, trata-se de um assunto em que "todos devemos estar empenhados" e "a bem do país".

"O Governo está a demonstrar uma abertura importante para resolver um problema que já tem três anos. Espero que todos os restantes agentes façam o mesmo", disse ainda o deputado social-democrata.

Os Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) concluíram em 2009 a construção do ferryboat "Atlântida", avaliado em 50 milhões de euros, e apesar da rescisão do contrato, por decisão do Governo Regional dos Açores, a Empordef sempre admitiu que o destino do navio deveria ser aquele arquipélago.

Após rescindir o contrato com os ENVC por uma diferença de um nó na velocidade máxima do ferryboat, a Atlânticoline gastou 21 milhões de euros no fretamento de dois navios ao armador grego Hellenic Seaways para as ligações sazonais inter-ilhas, entre 2009 e 2012.

A 06 de agosto, a Atlânticoline - empresa pública dos Açores responsável pelas ligações marítimas inter-ilhas - lançou um concurso público internacional, de novo para o fretamento de dois navios para transporte de passageiros e viaturas, para as próximas operações, 2013 e 2014, com opção de prorrogação para 2015, por 16,4 milhões de euros.

O "Atlântida", há um ano atracado na Base Naval do Alfeite, tem capacidade para 750 passageiros e 140 viaturas e uma velocidade máxima de 16 nós.

Já o concurso agora aberto determina que um dos navios deve ter uma velocidade mínima de 28 nós, enquanto a do outro navio deve ser de 19 nós. A lotação mínima exigida é de 600 passageiros e 120 viaturas.

Recorde-se que em fevereiro deste ano o presidente da Empordef, Vicente Ferreira, chegou a deslocar-se à Presidência da República para "pedir a mediação" de Cavaco Silva no processo, depois de classificar a rescisão do contrato como resultado de um processo "muito confuso".

"A administração da Empordef não está convencida das circunstâncias, nem dos momentos, nem do suporte técnico que levou à decisão. É confuso, os relatórios são confusos, porque, é evidente, estas questões técnicas têm de se basear em certificações, e há entidades internacionais que as fazem", disse ainda Vicente Ferreira, numa recente audição na Comissão Parlamentar de Defesa.

Acrescentou que os dois navios - o "Atlântida" está pronto e parado há três anos e o "Anticiclone" não passou do início de construção - estão avaliados no seu conjunto em 71 milhões de euros e que a não concretização deste é grandemente responsável pela "ruína" dos ENVC e eventualmente, a prazo, da própria "holding" de indústrias de defesa do Estado.