s
Crise dos combustíveis
Embarcações espanholas atracadas na Horta em protesto
Mais de duas dezenas de embarcações de pesca espanholas, envolvendo 250 tripulantes, estão atracadas no porto da Horta, Açores, em sinal de protesto contra o aumento do preço dos combustíveis.

Autor: Lusa/AO online
Xavier Pacheco Gonçalez, porta-voz dos armadores espanhóis que estão parados na Ilha do Faial, disse à Agência Lusa que a pesca é hoje "uma actividade inviável", atendendo ao preço a que está o gasóleo em Espanha.

    Segundo explicou, os pescadores pagam 75 cêntimos por litro de gasóleo e chegam a vender um quilo de peixe por apenas 60 cêntimos. "Assim não dá para trabalhar, nem sequer para pagar o gasóleo, por isso decidimos paralisar a frota", adiantou.

    O armador de 34 anos sublinhou que esta "greve" pretende sensibilizar o Governo espanhol para a necessidade de baixar o preço dos combustíveis, pois, caso contrário, "não é viável continuar a pescar".

    Outras das preocupações dos armadores de pesca espanhóis é a necessidade de valorizar o pescado, que é vendido em lota a preços baixos e depois comercializado pelas grandes superfícies comerciais a valores "exorbitantes".

    Xavier Gonçalez deu como exemplo o peixe-espada, o peixe mais procurado pela frota espanhola, que é vendido em lota a menos de 3 euros/quilo e depois comercializado nalgumas superfícies espanholas a 13 e 14 euros o quilo.

    "Não pode ser assim, o intermediário é que fica com a maior parte do bolo", criticou o armador espanhol, que aguarda agora que o Governo do seu país se mostra disponível para negociar estas matérias com os pescadores.

    Os 22 barcos de pesca espanhóis atracados no porto da Horta estavam a pescar junto à costa do Canadá, quando decidiram atracar no porto europeu mais próximo, em solidariedade com a restante frota de pesca espanhola que luta pela descida do preço dos combustíveis.

    Durante a tarde de segunda-feira, os barcos espanhóis descarregaram cerca de 40 toneladas de peixe-espada no porto da Horta, que foram acondicionadas em contentores frigoríficos para serem posteriormente transportadas para Espanha.

    Segundo Xavier Gonçalez, esta paralisação em terras insulares vai demorar, pelo menos, uma semana.