Em sete eleições, só por três vezes o partido no Governo venceu
Europeias
29 de abr. de 2019, 09:33
— Lusa/AO Online
O PSD
venceu as eleições europeias de 1987 e 1989, quando o partido governava o
país em maioria absoluta, liderado por Cavaco Silva, embora com
resultados bem mais modestos para o Parlamento Europeu.Também
em 1999 o PS conseguiu vencer as europeias quando os socialistas
lideravam o executivo, no primeiro Governo de António Guterres, e aí com
resultados muito semelhantes em junho para a Europa (43%) e em outubro
nas eleições nacionais, quando o PS de António Guterres ficou à beira da
maioria absoluta com 44% e 115 deputados.Para
lá destas ocasiões, as restantes quatro europeias (1994, 2004, 2009 e
2014) foram sempre ganhas pelo partido na oposição, mas nem sempre tal
se traduziu na mudança de executivo.A
primeira vitória do PS em eleições europeias, em 1994, reta final da
segunda maioria de Cavaco Silva, pode ser interpretada como um sinal do
desejo de mudança por parte do eleitorado, após dez anos de PSD no
poder.Mas se para o Parlamento Europeu
socialistas e sociais-democratas têm quase um empate (34,87% contra
34,39%), um ano depois nas legislativas a diferença é bem mais
expressiva, com o PS de Guterres a conseguir 43,7% dos votos contra os
34,1% do PSD.Entre umas eleições e outras, Cavaco Silva deixou a liderança do PSD, partido que passou a ser presidido por Fernando Nogueira.Se
em 1994 os sociais-democratas podem ter recebido um ‘cartão amarelo’ de
aviso para as legislativas do ano seguinte, em 2004 pode quase falar-se
de um ‘cartão vermelho’ direto.Primeiro-ministro
desde 2002, Durão Barroso demite-se do cargo apenas quinze dias depois
da derrota nas europeias de junho de 2004 (os socialistas têm a maior
vitória de sempre com 46,4% dos votos) para se candidatar a presidente
da Comissão Europeia, cargo que viria a ocupar durante dez anos.Santana
Lopes substitui Barroso como líder do PSD e como primeiro-ministro, sem
eleições, uma decisão do Presidente da República de então, Jorge
Sampaio, que levaria Ferro Rodrigues a demitir-se de secretário-geral do
PS.Uns meses mais tarde, Sampaio
convocaria mesmo legislativas antecipadas e o PS, já liderado por José
Sócrates, obtém em fevereiro de 2005 a sua primeira – e até agora única –
maioria absoluta da história.Em 2009,
apesar de o PSD ter derrotado o PS em junho nas europeias, Sócrates
volta a vencer as legislativas em outubro contra o PSD de Manuela
Ferreira Leite, mas perde a maioria absoluta e o país voltaria a ter
legislativas antecipadas em 2011, além de um pedido de ajuda externa.Em
2014, o cenário inverte-se: PSD e CDS-PP governavam em coligação e,
também juntos, perdem as europeias. No entanto, a curta distância para
os socialistas (que conseguem 31,5% dos votos contra 27,7%) acaba por
provocar uma crise interna no partido vencedor, culminando na
substituição de António José Seguro por António Costa à frente do PS.Pouco
mais de um ano depois, nas legislativas de outubro de 2015, a vitória
do PS nas europeias não se repete, e a coligação PSD/CDS-PP ganha as
eleições com 36,8% contra 32,3% dos socialistas.A
vitória seria, contudo, insuficiente para sociais-democratas e
democratas-cristãos formarem Governo e António Costa viria a ser nomeado
primeiro-ministro após conseguir negociar acordos com BE, PCP e Verdes,
numa solução inédita na política portuguesa.Este
ano, a curta distância entre os dois atos eleitorais – as europeias
realizam-se em 26 de maio e as legislativas em 06 de outubro – voltam a
fazer das eleições ao Parlamento Europeu uma espécie de “primeira
volta”, o que já foi assumido pelos líderes do PS e do PSD."Eles
[oposição] bem nos querem derrubar e ainda não tiveram a coragem de
dizer o que verdadeiramente desejam pedir, que é um cartão vermelho ao
Governo. Mas eu quero ser muito claro: quem não deve não teme e se eles
não têm coragem de pedir um cartão vermelho, pois eu não tenho medo de
dizer, eu quero pedir um voto de confiança a este Governo, a esta
governação, nestas eleições para o Parlamento Europeu", referiu António
Costa.Também Rui Rio já assumiu que estas
europeias terão uma leitura nacional: "Se não vota no PS, está a dizer:
'muda qualquer coisa porque se não, não contas com o meu voto'. Quem
vota no PS está a dizer que como está, está bem e pouco ou nada há a
alterar", referiu.