Em dois milénios temperaturas nunca subiram tão rápido
31 de jul. de 2019, 15:06
— Lusa/AO online
A
investigação concentrou-se na análise da tendência climática recente do
planeta e conclui que 98% da Terra está a sentir o aquecimento global
após a revolução industrial, o que demonstra que o “impacto humano no
meio ambiente tem uma consistência espacial inédita no contexto dos
últimos dois mil anos”, segundo os autores das pesquisas.Foram compilados quase 700 indicadores, como anéis de árvores, gelo, sedimentos lacustres e de corais ou termómetros modernos.Rafael
Neukom, da Universidade de Berna, Suíça, um dos autores dos estudos,
disse que a época atual é diferente de qualquer outra do passado e
acrescentou que inicialmente se pensava que ao longo dos últimos dois
milénios havia uma coerência global da variabilidade climática, mas que
tal não é real.“Quando voltamos ao passado
encontramos fenómenos regionais, mas nenhum é global”, reforçou Nathan
Steiger, da Universidade de Colúmbia, Nova Iorque, um dos autores de um
dos estudos.As etapas que os cientistas
estudaram são a chamada Anomalia Climática Medieval, o período quente
medieval (séculos X a XIII), caracterizado por um período
extraordinariamente quente, e a Pequena Idade do Gelo (séculos XIV a
XIX), a época das temperaturas baixas.Os
investigadores analisaram dados de temperatura que revelaram que antes
do século XX as épocas climáticas não aconteceram ao mesmo tempo em todo
o planeta, como se pensava anteriormente.Na
Pequena Idade do Gelo, entre 1300 e 1850, por exemplo, as temperaturas
mais baixas acontecerem durante alguns séculos na Europa e nos Estados
Unidos, mas não no resto do mundo. Em
contraste com todos estes períodos, os autores disseram que a fase mais
quente da era moderna corresponde aos últimos 150 anos, quando a Terra
experimentou um aquecimento rápido e geral devido à influência humana. Esta flutuação climática, alertam os investigadores, está a ser muito maior do que outras ocorridas nos últimos dois mil anos.