Elisa Ferreira diz que previsões económicas reforçam urgência de acordo na UE
10 de jul. de 2020, 09:16
— LUSA/AO online
Num debate no hemiciclo de Bruxelas sobre o
papel da Política de Coesão na resposta à crise provocada pela pandemia
de covid-19, a comissária portuguesa reiterou que “a coesão é essencial
para combater as crescentes disparidades entre os Estados-membros e
dentro dos Estados-membros”, afirmando que só um plano de recuperação
com a solidariedade e convergência no seu cerne garantirá uma retoma
“justa e resiliente”.“As previsões
publicadas esta semana pela Comissão mostram que o impacto económico
desta crise vai ser ainda maior que o esperado, que a recuperação no
próximo ano será mais frágil que antecipado”, sublinhou, apontando ainda
que “os riscos negativos” associados às projeções “são consideráveis”,
pelo que “a divergência, as assimetrias e a fragmentação são ameaças
para a União”. Apontando que a Europa vive
“um momento muito crítico”, Elisa Ferreira, fazendo a defesa da
proposta da Comissão Europeia de um plano de recuperação “com uma
ambição sem precedentes, e com a coesão e solidariedade no seu cerne”,
advertiu ainda que as negociações não podem arrastar-se, pois a situação
exige uma resposta urgente.“Cada dia perdido sem ação é uma vida, um emprego, um negócio que se perdem, por falta de apoios”, alertou.O
debate de hoje durante a sessão plenária do Parlamento Europeu ocorre
precisamente a uma semana de uma cimeira de chefes de Estado e de
Governo da UE, na qual os 27 vão tentar chegar a acordo sobre o Fundo de
Recuperação e uma proposta revista do Quadro Financeiro Plurianual da
União para 2021-2027.A Comissão apresentou
no final de maio uma proposta de um Fundo de Recuperação de 750 mil
milhões de euros – com 500 mil milhões de euros canalizados para os
Estados-membros através de subsídios a fundo perdido e os restantes 250
mil milhões na forma de empréstimos –, associado a um orçamento para
sete anos num montante de 1,1 biliões de euros.Hoje
mesmo, o presidente do Conselho Europeu vai apresentar uma proposta
revista, depois das consultas bilaterais que levou a cabo nas últimas
semanas com os líderes dos 27, com vista a tentar aproximar posições
para a cimeira de 17 e 18 de julho.Na
passada terça-feira, a Comissão Europeia publicou as previsões
macroeconómicas intercalares de verão, agravando as projeções do impacto
da crise da covid-19 na zona euro e na UE.O
executivo comunitário, que em maio projetava para este ano uma
contração, já recorde, de 7,7% do Produto Interno Bruto (PIB) no espaço
da moeda única, prevê agora um recuo de 8,7%, apenas parcialmente
compensado em 2021, com um crescimento de 6,1% (também uma revisão em
baixa face à primavera, quando apontava para 6,3%).Bruxelas
também agravou as suas previsões económicas para Portugal este ano face
aos choques da covid-19, estimando agora uma contração de 9,8% do PIB,
muito acima da anterior projeção de 6,8% e da do Governo, de 6,9%.