Edson Arantes do Nascimento, vulgo Pelé, o 'rei' do futebol
29 de dez. de 2022, 19:33
— Lusa/AO Online
Os três títulos mundiais, feito ímpar na história, e os mais de 1.000 golos marcados, muitos em jogos
hoje não considerados oficiais, fazem com que seja considerado ainda por
muitos, e por todos os brasileiros, como “o melhor de todos os tempos’.Os
argentinos não concordarão, pois, entretanto, chegou Diego Armando
Maradona, vulgo ‘D10s’, e, na atualidade, há Lionel Messi, mas para os
brasileiros, únicos pentacampeões mundiais, só há um ‘rei’ e esse é
Pelé.Alguns, outros, já reclamaram, sem
pudor, a sua ‘coroa’, mas nunca ninguém se atreveu a retirar-lhe o
cognome de ‘rei’, que pressupõe grandeza, algo que nunca lhe faltou em
toda a carreira, tal como golos, que foi colecionando, desde cedo, a um
ritmo frenético, para construir uma carreira inigualável.“Igual
a Pelé não há, nem nunca vai haver. A minha mãe fez-me e fechou a
fábrica”, disse um dia Pelé, de si próprio, ele que nunca permitiu que
lhe arranjassem sucessor: “Nasci para jogar futebol como Beethoven para a
música”.Pelo Santos, o clube da sua vida,
o Brasil, que lhe deu a projeção universal, e, já em fim de festa, o
Cosmos de Nova Iorque, o único clube em que jogou fora do Brasil, nunca
deixou que os golos faltassem e que a lenda de extinguisse.Só
nas contas do ‘Peixe’, são 1.282 golos, em 1.366 jogos, de 07 de
setembro de 1956 até ao jogo de despedida, em 31 de outubro de 1990, já
13 anos após o final da sua carreira, em 1977, o último ano em que
representou o clube norte-americano.No que
respeita a encontros oficiais, os números são menos exuberantes, mas a
verdade é foram também os conseguidos em muitos jogos de exibição, por
todo o mundo, que ajudaram a construir a lenda, de um jogador único.Talento
precoce, Pelé começou a mostrar toda a sua habilidade desde ‘moleque’
e, com 15 anos, foi indicado ao Santos, onde desde logo encantou toda a
gente, celebrando de imediato um contrato profissional com o clube de
Vila Belmiro.Estreou-se a 07 de setembro
de 1956, face ao Corinthians, de Santo André, ainda com 15 anos, e o seu
impacto foi imediato, marcando um dos golos numa goleada por 7-1.No
ano seguinte, com apenas 16 anos, já era titular do Santos e, 10 meses
depois de se tornar profissional, estreou-se pela seleção principal do
Brasil, a 07 de julho de 1957, sem conseguir marcar, num desaire com a
Argentina.Pelé mostrou, porém, capacidade
para representar o Brasil ao mais alto nível e, um ano volvido e muitos
golos ao serviço do Santos, foi sem grande surpresa que foi escolhido
para representar os ‘canarinhos’ no Mundial de 1958.Foi
a primeira aparição internacional de Pelé, a primeira vez que se
mostrou ao mundo, e logo espantou, conduzindo os ‘canarinhos’ ao seu
primeiro título mundial, oito anos após o traumatizante ‘Maracanazo’ –
derrota por 2-1 com o Uruguai que custou o título Mundial em 1950, em
pleno Maracanã.Na Suécia, o ‘miúdo’ passou
algo despercebido na fase de grupos, mas ‘explodiu’ nos jogos a
eliminar, com um golo ao País de Gales (1-0), nos quartos de final, um
‘hat-trick’ à França (5-2), nas meias-finais, e um ‘bis’ com a Suécia
(5-2), na final.A forma como marcou o seu
primeiro golo na final, ao dominar no peito um passe da esquerda, fazer
passar a bola por cima de um defesa sueco e atirar de primeira de pé
direito correu mundo e é um dos grandes momentos da história dos
Mundiais.Feita a sua ‘apresentação’, Pelé
continuou a encantar, sobretudo os seus compatriotas, numa ‘era’ bem
diferente da atual, sem jogos transmitidos a todos a hora e em que era
possível a um clube como o Santos segurar um jogador desta qualidade.Para
o Mundo ver, só de quatro em quatro anos, sendo que as lesões não o
deixaram ‘brilhar’ em 1962 e 1966, sendo que no Chile ainda ajudou com
um golo o Brasil a revalidar o cetro, para, em Inglaterra, cair na fase
de grupos perante Portugal, e Eusébio.“Entre
dezenas de reis, foi o melhor de todos”, disse à Lusa António Simões,
numa entrevista a propósito dos 50 anos do dia em que Pelé chegou ao
‘tri’, explicando que Pelé esteve “sempre ligado àquilo que não tem
defeito no futebol, que é o golo”. Em
1970, conseguiu, porém, chegar a 100% tem termos físicos ao seu quarto
Mundial e, como único sobrevivente de 1958, com a hipótese de se tornar o
primeiro tricampeão mundial. Não desperdiçou a ocasião, num feito ainda
por igualar.Com 29 anos, Pelé chegou ao
‘tri’ e não como figurante, já que foi o segundo melhor marcador do
‘escrete’ com quatro golos, incluindo o primeiro da final, na qual um
Brasil de imensa qualidade superou sem dificuldades a Itália por 4-1.Entre
os Mundiais e depois, nunca parou de marcar golos, até 1974 ao serviço
do Santos, e a partir de 1975 nos Estados Unidos, ao serviço do Cosmos
de Nova Iorque, engrandecendo, jogo após jogos, a sua lenda com golo
atrás de golo.Por tudo isso, foi eleito
pela FIFA como o “jogador do século”, em 2000, ainda que tenha sido
batido por Maradona na votação online.