Editores e Livreiros apontam cinco pontos “para rever e trabalhar no curto prazo” no setor
30 de mai. de 2024, 00:08
— Lusa /AO Online
Pedro Sobral falava na cerimónia de abertura oficial da 94.ª Feira do Livro de Lisboa, que contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, da ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, e do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.Pedro Sobral referiu, como primeiro ponto, medidas de apoio às livrarias, que quer ver descentralizadas, noutros concelhos, além das capitais de distrito.O presidente daa APEL, que organiza a Feira do Livro de Lisboa, quer “políticas de incentivo que permitam estabelecer e sustentar livrarias em todo o país, principalmente fora das capitais de distrito e também em cidades como Lisboa”.“Políticas que podem ser de incentivos fiscais, ou redes de livrarias que promovam a literatura portuguesa e assim contribuir para a diversidade cultural”.O responsável referiu-se ainda à necessidade de revisão da lei de preço fixo do livro que considerou “estrutural para garantir um ecossistema livreiro saudável, plural e diverso”.De acordo com o presidente da APEL, esta revisão “deve passar por um equilíbrio do tempo de vigência do preço fixo para livros novos e, em simultâneo uma regulação de descontos após essa vigência”.O terceiro ponto diz respeito a um investimento no acervo das bibliotecas. Um investimento que permita “a modernização do que está disponível nas bibliotecas escolares e municipais” para que “continuem a ser espaços de aprendizagem e cultura, que garantam o acesso universal ao livro”.Outro ponto é o apoio à digitalização e inovação, que passa pela criação de incentivos para que “o setor editorial possa integrar novas tecnologias e se adaptar às mudanças, incluindo o impacto da Inteligência Artificial, assim como legislação que regule e defenda os Direitos de Autor e de Edição”.O quinto ponto refere-se ao “cheque-livro” que o presidente da APEL quer que “seja uma realidade” ainda este ano. Esta medida “facilitaria o acesso aos livros e incentivaria à leitura, dinamizando o mercado editorial”.A “promoção da literatura em língua portuguesa”, nomeadamente com a intensificação de iniciativas no estrangeiro, que promovam “os nossos autores, a nossa cultura e os nossos editores num cenário global”, foi também apontada pelo presidente da APEL.Pedro Sobral afirmou que as medidas parecem “muitas, complexas e ambiciosas”, mas “todas são possíveis mantendo o atual canal de comunicação aberto entre editores e livreiros e os decisores políticos, desenhando em conjunto ações com base em dados do mercado e na experiência no terreno, que permitam eficácia e resultados práticos e reais”.O responsável da APEL afirmou que “editores e livreiros estão otimista em que isto seja possível”.Sobral disse que os últimos três anos têm sido de crescimento para o setor, com um aumento das vendas de 6% no ano passado e de 15%, nos dois anteriores. “Este ano, no final do primeiro trimestre vamos com mais de 7% no valor de livros vendidos e isso é bom”, enfatizou.“Um crescimento apesar das dificuldades no setor”, alertou.A ministra da Cultura, por seu turno, realçou a Feira do Livro de Lisboa como um “espaço de convergência” e “ponto de encontro entre autores, leitores, editores e livreiros”. Dalila Rodrigues disse ainda que “o espaço aberto e sem barreiras”, num jardim onde “todos são bem vindos”, é um exemplo de democratização da cultura.A ministra saudou os “sinais de otimismo” no setor, havendo “mais livros a serem comprados em Portugal”, salientando que “os jovens são os principais responsáveis por este facto”, o que revela melhorias face à tendência assinalada nas últimas décadas.Dalila Rodrigues afirmou que há ainda “desafios”, já que Portugal é o segundo país europeu com menos hábitos de leitura, “ou seja o aumento da venda de livros não corresponde à criação de mais hábitos de leitura”.“Um dos desígnios deste novo ciclo político é recuperar o défice de leitura”, o que, segundo a governante, passa pela recuperação das redes de bibliotecas públicas, escolares e de investigação.A ministra recordou que o programa do Governo prevê uma revisão da lei do preço fixo do livro, e disse que é necessário proteger os Direitos Autorais face às novas realidades digitais, nomeadamente no que se refere à Inteligência Artificial, tendo defendido a regulamentação desta ferramenta para garantir uma “adequada proteção do trabalho autoral, mas também o importante trabalho dos tradutores”.A 94.ª Feira do Livro de Lisboa abriu hoje, no Parque Eduardo VII, com 350 pavilhões, 140 participantes e 960 marcas editoriais representadas e um total de 85.000 títulos, segundo a APEL.A Feira está aberta até 16 de junho e paralelamente tem uma programação que conta 3.000 eventos, realçou hoje o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.O autarca recordou que este ano celebramos os 500 anos do nascimento de Luís de Camões. E salientou “a mística própria e o cheiro dos livros” na Feira de Lisboa, que este ano espera ultrapassar a barreira dos quase 900 mil visitantes, alcançada no ano passado.