Editor e fundador da Bedeteca João Paulo Cotrim morreu hoje aos 56 anos
27 de dez. de 2021, 10:31
— Lusa/AO Online
João Paulo
Cotrim dirigiu a Bedeteca de Lisboa desde a sua abertura, em 1996, e até
2002. Durante este período organizou várias iniciativas e exposições.Foi
diretor do Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada durante quatro
edições e responsável pela sua programação e dos catálogos e da mostra
Ilustração Portuguesa.Guionista
para filmes de animação, João Paulo Cotrim escreveu novelas gráficas,
ensaios e poesia e histórias para crianças e adultos. Foi jornalista e
era editor da Abysmo. Na
sua vasta obra encontram-se novelas gráficas (“Salazar – Agora, na Hora
da Sua Morte”), ficção (“O Branco das Sombras Chinesas”, com António
Cabrita), ensaios (“Stuart – A Rua e o Riso” ou “El Alma de Almada El
Ímpar” – Obra Gráfica 1926-1931), aforismos (“A Minha Gata”) e poesia
(“Má Raça”, com Alex Gozblau), além de histórias para as infâncias
(“Querer Muito”, com André da Loba).João
Paulo Cotrim foi ainda professor no Ar Co, no departamento de
Ilustração e BD, bem como no IADE - Faculdade de Design, Tecnologia e
Comunicação, e colaborou no Instituto Português do Livro e das
Bibliotecas (IPLB).No
seguimento do confinamento imposto pela pandemia de covid-19, João
Paulo Cotrim criou, em 2020, “Torpor. Passos de voluptuosa dança na
travagem brusca”, uma revista digital gratuita criada e disponibilizada
pela editora Abysmo.A
edição procura captar o efeito que a crise pandémica e o confinamento
tiveram "tanto nas artes como na vida", uma iniciativa que não foi
planeada previamente, “resultou de sucessivos diletantes passeios pelas
redes”, nas quais João Paulo Cotrim descobriu um mundo que palpitava
criação artística, contou o editor à Lusa, em maio do ano passado.Entre
os vários órgãos de comunicação social em que trabalhou consta a
Revista Ler, Elle, Máxima, Marie Claire, Oceanos, Visão, Grande
Reportagem, Colóquio-Letras, Der Spiegel, Le Monde e o suplemento DNA. O
romance “O Plantador de Abóboras”, do escritor timorense Luís Cardoso,
que venceu o Prémio Oceanos 2021, que anualmente destaca as melhores
obras publicadas em língua portuguesa, foi um dos livros editados pela
Abismo.A 08
de dezembro, o escritor, que reside em Lisboa, dedicou o galardão ao
seu editor, João Paulo Cotrim, assinalando já então que se encontrava
doente.Nas
redes sociais, como o Facebook, multiplicam-se as despedidas e
homenagens de autores e companheiros da carreira artística de João Paulo
Cotrim. André Carrilho, Alexandra Lucas Coelho, José Teófilo Duarte e
Bárbara Bulhosa foram alguns que assinalaram esta partida.