EDA defende que juros da dívida da região devem seguir orientações da reguladora
17 de mar. de 2022, 17:09
— Lusa/AO Online
Nuno Pimentel foi ouvido na
comissão de Economia da Assembleia Regional, a propósito de uma
iniciativa do BE que “recomenda ao Governo Regional a negociação da taxa
de juro a aplicar ao pagamento de juros de mora relativo a dívidas
referentes ao fornecimento de energia elétrica", que são superiores a
6,5 milhões de euros.“A taxa de 7% é, de
facto, penalizadora. Mas o espírito dessa taxa é esse. Não foi a EDA que
fez a lei. Essa lei nacional vem de uma diretiva comunitária”, afirmou o
administrador.Instado pelo deputado do PS
Carlos Silva a especificar se, em causa, estaria uma lei ou uma
recomendação, Nuno Pimentel salientou tratar-se de uma “diretriz
definida” pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).“É
suposto que as recomendações tenham algum efeito. Penso que não é para
inglês ver […]. De facto, é só uma recomendação, mas, de facto, o que
ela vem dizer é reforçar o entendimento jurídico que a EDA tinha sobre
esta matéria”, afirmou.O presidente da
elétrica regional rejeitou uma negociação da taxa juro com a região,
advogando que é necessário “assegurar um tratamento equitativo dos
acionistas” da EDA, cujo capital social está distribuído entre o Governo
Regional (50,1%), ESA, sociedade liderada pelo Grupo Bensaúde (39,7%), a
EDP (10%) e pequenos acionistas (0,2%).“Porque
vou fazer diferente à região? O tratamento deve ser uniforme e devem
ser todos tratados com equidade e justiça”, assinalou.Nuno
Pimentel acusou ainda o BE de querer uma “república das bananas” depois
de o partido ter defendido a redução das taxas de juro de mora.“[A
EDA] não é uma república das bananas. É uma república do privilégio.
Porque quem ganha com isso são os acionistas privados da EDA”, retorquiu
o deputado bloquista António Lima.O líder
do PPM/Açores destacou que a EDA está “longe de prejudicar o erário
público” e afirmou que uma “recomendação da entidade reguladora é para
cumprir”.Marco Costa, do PSD, questionou
Nuno Pimentel sobre se existem acordos de pagamento com as entidades
públicas que têm dívidas à EDA, referindo que o valor total daquelas
dívidas é de cerca de 24 milhões de euros.“A
grande questão são os hospitais, em que temos cerca de 21 milhões de
euros de divida. Quanto aos hospitais, não se pode falar propriamente
que haja um acordo de pagamento fixado. Tem havido acordos em termos de
reconhecimento de dívida”.O presidente da
administração da EDA realçou que o atual Governo Regional
(PSD/CDS-PP/PPM) “tem vindo a pagar os consumos correntes” de
iluminação.“Ao nível de iluminação pública, este governo já pagou 5,7 milhões de euros, incluindo 931 mil euros de juros de mora”, apontou.A
03 de fevereiro, o BE/Açores anunciou que iria recomendar ao parlamento
açoriano que o Governo Regional renegoceie com a elétrica açoriana os
juros de mora relativos a dívidas com a empresa, que não deverão
ultrapassar os 4%.A 11 de fevereiro, o
Governo dos Açores disse que “honra os compromissos assumidos” pelos
anteriores executivos, mas não excluiu uma “eventual revisão, caso seja
possível” juridicamente, dos juros de mora nas dívidas à elétrica
regional.Em causa está o acordo de
pagamento da dívida da iluminação pública que o anterior executivo do PS
celebrou com a EDA em 12 de novembro de 2020.Segundo
o governo açoriano, a dívida, a “pagar em três prestações”, ascende a
mais de 6,5 milhões de euros, “acrescidos de juros de mora”, tendo sido
pagos mais de 930 mil euros de juros de mora em 2021.