Ecoturismo marinho rende cerca de 210 ME por ano nos Açores
9 de jun. de 2022, 10:27
— Lusa/AO Online
“Tendo em
conta apenas os turistas dedicados [que se deslocam à região de
propósito], estas atividades geram um impacto de 80 milhões de euros por
ano. Se tivermos em atenção todas as pessoas que fizeram estas
atividades nos Açores, o seu impacto económico pode chegar aos 210
milhões de euros”, avançou, em declarações à Lusa, a bióloga, uma das
autoras de um estudo publicado em 2022 sobre o impacto económico do
ecoturismo marinho no arquipélago.Assinado
por oito investigadores de centros marinhos e universidades dos Açores,
de Faro, de Coimbra e de Edimburgo (Escócia), incluindo o ex-ministro
do Mar, Ricardo Serrão Santos, o estudo avalia o impacto de três das
atividades marítimo-turísticas sustentáveis com maior procura no
arquipélago: a observação de cetáceos, o mergulho e a pesca grossa
(pesca recreativa de peixes de grande dimensão).Com
base num “inquérito de larga escala”, que envolveu 1.740 turistas e 49
operadores marítimo-turísticos (mais de 90% dos operadores ativos na
região), os investigadores calcularam os gastos com as atividades
praticadas, mas também com alojamento, alimentação e outros consumos
(exceto o preço dos voos).A observação de
cetáceos “é responsável por cerca de 87% do número total” de ecoturistas
marinhos nos Açores e “corresponde a mais de 70% do impacto económico”
estudado.“O ‘whale watching’ [observação
de cetáceos] é a atividade que atrai mais visitantes à região e é aquela
que tem um impacto económico mais significativo. São mais de 58 mil
participantes, enquanto os que fazem mergulho são 7.764 e os que fazem
‘big game fishing’ [pesca grossa] são menos de mil”, adiantou Adriana
Ressurreição.No entanto, os turistas que
fazem mergulho e pesca grossa escolhem os Açores, na sua maioria,
especificamente para praticarem estas atividades.“São
aqueles que têm maior percentagem de turistas dedicados. Não teriam ido
para os Açores se não fosse mesmo para fazer estas atividades. No caso
dos mergulhadores, estamos a falar de 78% e nos ‘big game fishers’ 74%.
No ‘whale watching’, apenas menos de um terço foi aos Açores pelo
propósito”, explicou a investigadora do Centro de Ciências do Mar da
Universidade do Algarve.O nível de especialização necessário nestas duas atividades é maior e os gastos são, normalmente, mais elevados.“Um ‘big game fisher’, por estadia de cerca de oito dias, deixa mais de 7.000 euros na região”, revelou a autora do estudo. Além
de serem atividades “que não retiram nada do meio ambiente”, a
observação de cetáceos, o mergulho e a pesca grossa têm um “perfil de
turista diferenciado e que deixa mais dinheiro na região”.“Comparando
um visitante normal não diferenciado e um ecoturista marinho,
percebemos que as estadias são maiores para o ecoturista marinho e que o
seu padrão de despesa, o dinheiro que gasta na região, é bastante mais
elevado, às vezes mais do que o dobro”, frisou Adriana Ressurreição.O
montante deixado na região pelos turistas que procuraram os Açores em
específico para realizar estas três atividades (80 milhões de euros)
corresponde “cerca de 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) regional”.Segundo
o estudo, a observação de cetáceos, o mergulho e a pesca grossa “geram
entre 400 e 500 empregos diretos” no arquipélago, ainda que mais de
metade (68%) seja sazonal (entre três e seis meses).