Economia, imigração e aborto no centro do debate decisivo entre Harris e Trump
EUA/Eleições
9 de set. de 2024, 12:01
— Lusa/AO Online
“Vai ter consequências. Há
imensa competição neste momento por um grupo pequeno de eleitores”,
disse à Lusa o cientista político Thomas Holyoke, professor na
Universidade Estadual da Califórnia em Fresno. Após
o feriado nacional Labor Day, que marcou o fim oficioso do verão e o
momento em que mais eleitores começam a prestar atenção, o debate no
canal ABC será uma oportunidade para Donald Trump tentar definir a
oponente em termos negativos e de Kamala Harris se apresentar aos que
ainda não se decidiram sobre ela. “Faltam menos de dois meses para as eleições”, frisou Holyoke, referindo que a votação antecipada vai começar nalguns estados. O
formato do debate, segundo as regras divulgadas pela ABC, será de 90
minutos com dois intervalos publicitários e microfone fechado para quem
não está a responder a uma pergunta. São condições inusitadas na visão
do cientista político Brian Adams, professor na Universidade Estadual da
Califórnia em San Diego. “O que acho
surpreendente é que a Comissão de Debates Presidenciais, que por norma
organiza os debates, foi completamente posta de lado”, disse à Lusa.
“Isso dá mais poder às campanhas para decidirem as regras do debate e
removerem um árbitro neutro quando discordam”, frisou. Moderado
pelos jornalistas David Muir e Linsey Davis, o frente a frente será
transmitido na ABC News Live, Disney+, Hulu e outros canais que fizeram
acordo com a estação. Com a negociação
direta, haverá pausas para anúncios. “Habitualmente, os debates não
tinham publicidade”, notou o professor Brian Adams, que considera
imprevisível o resultado do confronto. De
acordo com fontes próximas dos candidatos que têm falado com alguns
meios de comunicação, a estratégia de Kamala Harris será atacar os
falhanços de Donald Trump enquanto presidente, desde a forma como geriu a
pandemia de covid-19 à construção do muro na fronteira. Holyoke
espera que Harris se foque também no aborto, sendo este um tema que
Trump procurará evitar. O republicano procurará, ao invés, acossar
Harris pela elevada inflação durante a administração Biden, da qual é
vice-presidente, e a crise de imigração na fronteira. “A
estratégia dele vai ser atacá-la”, disse o professor, apontando para
debates passados em que Trump optou por ataques pessoais e tentativas de
irritar os oponentes. “Não sei o que ela vai fazer, mas parece-me que a
melhor estratégia será ignorá-lo completamente”.Os
candidatos chegam ao debate com Kamala Harris à frente nas intenções de
voto nacionais (47% contra 43,9%) mas um empate no estado da
Pensilvânia (47%) que será decisivo para a chegada à Casa Branca. Nos
outros estados críticos, Harris lidera em quatro e Trump vai à frente no
Arizona. No entanto, a diferença entre ambos tem sido inferior à margem
de erro.