Economia atingirá em 2018 valor mais alto de sempre se crescer o previsto
12 de fev. de 2018, 10:12
— Lusa/AO online
O
Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga na quarta-feira a
primeira estimativa rápida com os valores do crescimento do Produto
Interno Bruto (PIB) do conjunto de 2017, com a média das estimativas
recolhidas pela agência Lusa a apontar para uma taxa de crescimento
anual de 2,7%. "É
provável que com o crescimento de 2017 o PIB em termos reais [que
exclui os efeitos da inflação] tenha atingido os valores de 2010. Os
valores pré-troika, pré-crise orçamental. E, com o crescimento de 2,2%
para 2018, vamos finalmente superar os valores de 2007 e 2008 que são
historicamente os valores mais altos da economia portuguesa. Finalmente
ao fim de 10 anos vamos superar esses valores", disse à agência Lusa
António Ascensão da Costa, professor do Instituto Superior de Economia e
Gestão (ISEG). Segundo
dados do INE e tendo em consideração um crescimento real de 2,7% no
conjunto de 2017 e de 2,2% na totalidade deste ano, a economia deverá
ultrapassar os 183.000 milhões de euros no final deste ano, o valor mais
elevado da série, sendo que o máximo histórico anterior de 181.506,6
milhões tinha sido atingido em 2008.Embora
o Grupo de Análise Económica do ISEG não tenha ainda uma estimativa
para o crescimento anual de 2018, António Ascensão da Costa considera
que a estimativa do Ministério das Finanças e da Comissão Europeia (de
um crescimento de 2,2%) é "um pouco pessimista"."Com
os indicadores atuais, com a expectativa de que a zona euro tenha um
crescimento bastante mais forte, não vejo porque é que o crescimento da
economia portuguesa não possa ser superior a 2,2%" em 2018, afirmou o
economista."Digamos que o Ministério das Finanças agora joga nos valores pessimistas para ser surpreendido em termos positivos", ironizou. Também
o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da
Universidade Católica estima um crescimento económico de 2,4% este ano,
superior em 0,2 pontos percentuais ao do Governo. "Na
prática é uma continuação da recuperação que vem desde 2013: pela
primeira vez temos um período relativamente longo de uma recuperação
continuada e se não houver nenhum soluço na economia mundial e, por
razão indireta, na economia da zona euro, o normal é que esta
recuperação cíclica da economia portuguesa continue ainda durante este
ano e no próximo ano", disse João Borges de Assunção, professor da
Católica.Questionado
sobre os fatores negativos que podem fazer abrandar o ritmo de
crescimento do PIB português, João Borges de Assunção destacou o elevado
endividamento da economia, o que pode limitar o recurso ao crédito para
investir, bem como a subida das taxas de juro."Apesar
de tudo, há muitos anos que não iniciávamos um ano com perspetivas para
tão positivas, superiores a 2%, é um cenário a que não estávamos
habituados no início do ano, que surgia talvez no fim. Esse é que é o
traço mais importante da atual conjuntura", destacou João Borges de
Assunção.Por
sua vez, o economista-chefe do Montepio, Rui Bernardes Serra, apresenta
uma estimativa alinhada com a do Governo e, embora admita que as taxas
de crescimento face ao histórico recente da economia portuguesa são
"relativamente elevadas", se forem comparadas com Espanha "são
relativamente baixas"."Se
nós enquanto país quisermos continuar a convergir com a média da União
Europeia temos de sistematicamente crescer acima da média da União
Europeia. E nesse sentido ter crescimentos acima dos 2%, que ainda
estimamos para 2018. O desafio será nos anos seguintes ter crescimentos
dessa ordem", apontou.Segundo
as previsões de outono da Comissão Europeia, Portugal deverá crescer
ligeiramente abaixo da média da zona euro (2,3%) e da União Europeia
(2,3%).