"É prematuro falar em nova rota de imigração por mar para Portugal"
29 de jan. de 2020, 15:47
— Lusa/AO Online
“É
de todo prematuro. Tivemos dezenas de milhares de chegadas em Espanha e
não poderemos, relativamente a 19, nestes dois casos nestes meses,
extrair daí qualquer conclusão. Estamos atentos, estou em diálogo com
autoridades espanholas e marroquinas, e conto aliás estabelecer, nas
próximas semanas, um encontro direto com o meu homólogo marroquino sobre
vários temas, entre os quais este”, afirmou Eduardo Cabrita, em Tavira,
quando questionado sobre a possível existência de uma nova rota de
migração para a Europa.“Não há nenhum dado
que permita concluir definitivamente nesse sentido”, insistiu o
governante, em declarações aos jornalistas, à margem da cerimónia
militar do dia do Comando Territorial da GNR de Faro, que cumpriu hoje o
seu 11.º aniversário.A interceção da
embarcação com 11 imigrantes marroquinos, registada de madrugada junto à
ilha da Armona, em Olhão, foi o segundo caso registado em cerca de dois
meses de uma embarcação de madeira que deixou as costas de Marrocos
rumo a Portugal, tendo a primeira chegado à praia de Monte Gordo, em
dezembro, com oito pessoas a bordo.“Ainda é
muto cedo para estarmos a tirar qualquer conclusão, [os imigrantes] vão
ser ouvidos durante esta tarde e há também diligências que estão a ser
feitas, envolvendo as várias forças de segurança, também em diálogo com
as autoridades espanholas e marroquinas”, disse o ministro.Questionado
sobre o eventual estatuto de proteção que estes novos 11 imigrantes
possam ter, Eduardo Cabrita afirmou que é preciso primeiro esperar pela
sua audição, que está a ser conduzida pelo Serviço de Estrangeiros e
Fronteiras (SEF), para “apurar exatamente as condições em que chegaram a
Portugal e verificar qual o quadro jurídico em que será analisada a sua
situação”.Quanto aos oito migrantes que
desembarcaram em Monte Gordo, em dezembro, o ministro disse que estão
“sob proteção do Centro Português para os Refugiados” e com o “estatuto
jurídico a ser avaliado pelo SEF”, sendo esperada uma “decisão
preliminar nos próximos dias”. “Não está
terminada ainda essa avaliação, o que foi solicitado foi um estatuto de
proteção internacional, entendemos que não faz nenhum sentido,
relativamente a um país amigo como Marrocos, a concessão de um estatuto
de asilo para o qual não foi apresentado nenhum fundamento adequado”,
referiu Eduardo Cabrita, acrescentando que serão sempre avaliadas as
alternativas que se colocam, “designadamente a concessão de uma
autorização de residência”.Aos que
chegaram hoje à zona de Olhão, Eduardo Cabrita disse que será aplicado
“o princípio genérico” de fazer, “em função daquilo que resultar da
audição destes 11 cidadãos, a avaliação de qual o estatuto jurídico que
lhes será dado”. O governante manifestou
“orgulho” no trabalho da GNR e da Polícia Marítima, “que salvam vidas
entre a Grécia e a Turquia, nas ilhas gregas e no Mediterrâneo
oriental”, e afirmou que em casos como o de hoje será garantido o
“estrito respeito pela legalidade e estrita aplicação de padrões
humanitários”.