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Leiria
Duas famílias estreiam habitação social em escola encerrada
Duas famílias do concelho de Leiria vão viver este ano para uma escola do 1º ciclo do ensino básico, encerrada em 1995 por falta de alunos e entretanto transformada em habitação social.

Autor: Lusa / AO Online

O projecto, da Câmara Municipal, passa por transformar a antiga escola primária da localidade de Barreiro, freguesia de Colmeias, em duas habitações sociais, disse à agência Lusa a vereadora com o pelouro da Acção Social da autarquia, Neusa Magalhães.

A autarca afirmou que esta iniciativa surgiu na sequência do “levantamento de todas as necessidades que existem de habitação social no concelho”, trabalho efectuado por um grupo que incluiu o município, algumas juntas e comissões sociais de freguesia.

No caso de Colmeias, foram apresentados 14 casos de famílias com carência de habitação, quase um terço das necessidades totais do concelho, neste momento na ordem dos 50.

“Pensámos nos edifícios e equipamentos colectivos que tínhamos disponíveis e ressaltou-nos logo a ideia das escolas primárias que vão sendo desactivadas”, contou a vereadora, até porque a escola “é um equipamento colectivo ao qual fazia todo o sentido dar uma utilização”.

Neusa Magalhães apontou as vantagens desta solução, que começa pela poupança da não aquisição de um terreno.

“O que tem de ser feito é uma adaptação. Portanto, é adaptar as salas de aula a um espaço que seja possível ser habitado”, explicou, lembrando que “as infra-estruturas estão feitas”, pelo que os “custos são mínimos”.

E concretizou: “Todas as escolas primárias têm um pequeno refeitório, facilmente adaptável a uma cozinha, e instalações sanitárias”.

A responsável adiantou que o facto de as escolas estarem normalmente bem localizadas é outra das mais-valias da iniciativa.

Por outro lado, a solução permite "não deslocalizar as famílias para outras freguesias, cujo meio envolvente não lhes diz nada, e mantê-las junto da comunidade onde sempre viveram”.

No concelho de Leiria existem outras escolas fechadas por falta de alunos que foram ocupadas por clubes ou instituições particulares de solidariedade social.

“Mas eu penso que este espaço tem uma melhor valência se for aproveitado para estas questões sociais”, referiu a vereadora.

Depois da escola do Barreiro, também a escola primária do Feijão, na mesma freguesia, que fechou portas em 2007, vai ter o mesmo fim.

O projecto, contudo, não fica apenas em Colmeias e vai ser alargado a outras escolas do concelho, nas freguesias de Azóia, Carvide e Pousos, adiantou a autarca.

Para já, as duas famílias - mãe e um filho, e um casal com dois filhos - que ainda este ano vão viver na escola primária de Barreiro vão ter direito a jardim, à frente da moradia, e um recreio nas traseiras, com pátio.

Quanto ao quadro onde ainda há poucos anos se escreviam as lições a giz, as secretárias dos alunos, o cabide comprido ou a salamandra que aquecia as crianças, é certo que vão desaparecer, assim como as balizas no exterior, já maltratadas pelo tempo.

Talvez fiquem as flores de papel que ainda enfeitam as janelas ou a inscrição, que já dificilmente se lê, de que um dia ali funcionou um estabelecimento de ensino.