Duarte Lima vai ser julgado em Portugal pelo homicídio de Rosalina Ribeiro
27 de abr. de 2021, 15:06
— Lusa/AO Online
"Confirmo apenas que recebi
notificação de que procedimento penal deverá continuar em Portugal",
limitou-se a responder o advogado João Neto, remetendo para o processo
qualquer eventual reação à decisão de o seu cliente ser julgado em
Portugal por homicídio.O juiz Pedro Lucas
decidiu remeter o processo para julgamento para o Tribunal Central
Criminal de Sintra, dado que Duarte Lima indicou como morada uma casa em
Belas, segundo a decisão, a que a agência Lusa teve acesso,
considerando que estão "preenchidos todos os requisitos gerais
necessários à procedência do pedido de cooperação formulado nos autos".Entre
os vários argumentos, o magistrado alega que neste processo de
homicídio qualificado, "tanto o arguido Domingos Duarte Lima, como a
ofendida Rosalina da Silva Cardoso Ribeiro são cidadãos portugueses,
residindo o primeiro em Portugal já à data dos factos"."Muito
ao contrário do propugnado pelo arguido, dificilmente se concebe que a
‘boa administração da justiça’ no caso seja melhor garantida pela
efetivação de um julgamento sem a sua presença, do que com a realização
de tal fase processual com a efetiva presença do arguido, podendo desde
logo ele aí exercer, em termos prontos e imediatos, todos os direitos de
defesa que lhe assistem e se mostram salvaguardados legal e
constitucionalmente", justificou o juiz.Dado
que Duarte Lima está preso no estabelecimento prisional da Carregueira
(concelho de Sintra), previsivelmente até novembro de 2022, o magistrado
decidiu não lhe aplicar outras medidas de coação.Na
audiência prévia de sexta-feira passada para que fosse analisada a
admissibilidade ou não do ex-deputado Duarte Lima ser julgado em
Portugal, o seu advogado entendeu que não era de admitir o pedido
formulado pelo Brasil, e aceite pela ministra da Justiça portuguesa,
alegando “a questão da boa administração da justiça”, argumentando que
os factos ocorreram no Brasil, que a maioria das testemunhas reside
naquele país, que há necessidade de fazer deslocações ao local do crime
(Maricá) e que o modelo de investigação brasileiro é diferente do
português.O Ministério Público contrapôs
que o julgamento deveria decorrer em Portugal porque o arguido não foi
extraditado para o Brasil e cumpre pena de prisão em território
nacional. “Senão [Duarte Lima] não seria
julgado no Brasil porque está em Portugal e não seria julgado em
Portugal porque o processo foi investigado no Brasil e isso seria uma
total impunidade”, alegou a procuradora.Duarte
Lima foi acusado no Brasil pelo homicídio de Rosalina Ribeiro,
secretária e companheira do milionário português Tomé Feteira. Os
factos remontam a 07 de dezembro de 2009, altura em que Rosalina
Ribeiro, que tinha como advogado Duarte Lima no processo de herança de
Tomé Feteira, foi morta a tiro, tendo o corpo desta sido encontrado na
berma de uma estrada em Maricá, nos arredores do Rio de Janeiro.