Draghi apela à reconstrução de Itália no seio de uma Europa “mais integrada”
17 de fev. de 2021, 16:14
— Lusa/AO Online
"Como
os governos do período do pós-guerra temos a responsabilidade de lançar
uma Nova Reconstrução", afirmou durante a apresentação do seu programa
de Governo ao parlamento."É esta a nossa missão enquanto italianos: deixar um país melhor e mais justo aos nossos filhos e netos", adiantou.Face
a "uma emergência sem precedentes", Mario Draghi pediu às forças
políticas "um caminho de unidade e compromisso comum com determinação e
rapidez".Mario Draghi, que sucedeu no
sábado a Giuseppe Conte, assume as rédeas do país numa situação muito
difícil: a Itália, que se aproxima do patamar dos 100.000 mortos devido à
pandemia de covid-19, registou em 2020 uma das piores quedas do produto
interno bruto (PIB) da zona euro (-8,9%).O
ex-presidente do Banco Central Europeu pediu uma “União Europeia mais
integrada que conduzirá a um orçamento público comum, capaz de apoiar os
Estados membros durante os períodos de recessão”, proclamando “a
irreversibilidade da escolha do euro”.“Sem Itália, não há Europa. Mas fora da Europa há menos Itália”, adiantou.Draghi,
que lidera uma coligação heterodoxa que vai da esquerda à
extrema-direita do nacionalista Matteo Salvini, afirmou ainda a sua
vontade de “reforçar” as relações “estratégicas” com a França e a
Alemanha.A terceira economia da zone euro
conta com os mais de 200 mil milhões de euros do plano de recuperação
europeu, cujo pagamento depende da apresentação em Bruxelas, no final de
abril, de um plano detalhado da sua aplicação, uma das missões do novo
governo.“O principal dever a que todos
somos chamados, e eu em primeiro lugar enquanto chefe do governo, é
combater a pandemia por todos os meios e salvar a vida dos nossos
concidadãos”, afirmou Draghi, numa altura em que a campanha de vacinação
em Itália regista atrasos graves devido a problemas de abastecimento.Até agora, menos de 1,3 milhões de pessoas numa população de 60 milhões recebeu as duas doses necessárias para a imunização.O
primeiro-ministro disse ainda que os recursos do plano de recuperação
europeu devem ser utilizados para “melhorar o potencial de crescimento
da (…) economia” do país, indicando como prioridades “a inovação,
digitalização, competitividade e cultura, transição ecológica,
infraestruturas para a mobilidade sustentável, formação e investigação,
igualdade de oportunidades, igualdade de género, igualdade entre as
gerações e os territórios, saúde”.O Senado
deve pronunciar-se sobre o programa de Draghi com um voto de confiança
previsto para hoje, enquanto a Câmara dos Deputados votará na
quinta-feira. Com uma maioria parlamentar ampla, deve ser fácil obter a
“luz verde” do parlamento.Segundo as
estimativas do principal diário italiano, Il Corriere della Sera, Mario
Draghi deve conseguir o voto favorável de cerca de 260 senadores em 315 e
de cerca de 550 deputados em 630.Após o
pedido que lhe foi feito pelo Presidente da República, Sergio
Mattarella, a 3 de fevereiro, Mario Draghi formou uma maioria que vai do
Partido Democrata (PD, centro) à Liga (extrema-direita), passando pelo
Movimento 5 Estrelas (M5S, anti-sistema até chegar ao poder).Os
Irmãos de Itália (FDI, extrema-direita) de Giorgia Meloni, foi o único
partido que anunciou que votará contra a moção de confiança ao Governo.“Hoje a unidade não é uma opção, a unidade é um dever”, insistiu Draghi.