Dois médicos entre os seis suspeitos de corrupção no Serviço de Saúde dos Açores
13 de out. de 2017, 06:24
— Lusa/AO Online
Os
outros arguidos são dois empresários e dois funcionários ligados à
administração hospitalar/proteção civil. Foi também constituída arguida
“uma empresa de fornecimento de material médico e hospitalar", adianta
uma nota publicada no sítio da internet da Procuradoria da Comarca dos
Açores.Hoje, o Departamento de Investigação Criminal de Ponta
Delgada da Polícia Judiciária (PJ) anunciara a detenção de quatro homens
e a constituição como arguidos de outros dois por suspeitas da prática
dos crimes de corrupção ativa e passiva e associação criminosa.Segundo a PJ, os detidos, entre os 46 e os 57 anos, têm "ligações profissionais às áreas médica, de gestão e comercial".No
decurso da operação, designada Asclépio, que ocorreu nas ilhas de São
Miguel e Terceira, foram realizadas 25 buscas, entre domiciliárias e não
domiciliárias, que envolveram todo o efetivo de inspetores do
departamento, dois inspetores da Unidade Nacional de Combate ao
Cibercrime e à Criminalidade Tecnológica e cinco magistrados, referiu a
PJ no comunicado.Além das detenções, foram "apreendidos diversos
equipamentos informáticos e de comunicações, bem como acervo documental
com interesse probatório, relacionado com a prática das atividades
criminosas em investigação".De acordo com a PJ, estão em causa
“práticas ilícitas que visavam obter posições indevidas de privilégio na
realização de contratos de fornecimento de bens a organismos
prestadores de serviços de saúde, a troco de contrapartidas pecuniárias e
outras, lesivas do interesse público".O Ministério Público da
Comarca dos Açores confirmou esta noite que, "em inquérito criminal
iniciado em 2015 emitiu mandados de detenção fora de flagrante delito
relativamente a quatro indivíduos suspeitos do cometimento de crimes de
corrupção ativa e passiva e de associação criminosa".Prevê-se que
outros crimes – como o de recebimento indevido de vantagem – possam
também vir a estar em causa no processo, sendo de admitir a constituição
de novos arguidos, refere, acrescentando que os detidos vão ser
presentes sexta-feira ao juiz de instrução criminal para interrogatório e
aplicação de medidas de coação.Na quarta-feira, o Governo dos
Açores havia emitido uma nota a informar que a PJ desencadeou "um
conjunto de diligências em várias estruturas do Serviço Regional de
Saúde sobre processos de aquisição de bens e serviços".A mesma
nota sublinhava que a tutela “reforçou as orientações a todas as
unidades orgânicas do Serviço Regional de Saúde para o cumprimento
reforçado e diligente de todos os colaboradores no fornecimento de todas
as informações e elementos que sejam solicitados".Hoje de manhã,
antes de ser emitido o comunicado da polícia com a informação sobre as
detenções, o secretário regional da Saúde, Rui Luís, reforçou o pedido,
apelando “a todos os dirigentes e funcionários do Serviço Regional de
Saúde que colaborem nos pedidos de informação pela PJ e entidades que
estão a conduzir este processo”.