Doente critica hospital por "sonegar" informação sobre nódulo no pulmão
Covid-19
15 de mai. de 2020, 09:34
— Lusa/AO Online
Devido
à Covid-19, Ana Loura, de 67 anos, esteve 24 dias internada, entre 12
de março e 05 de abril. Em declarações à Lusa, disse que há um relatório
de uma TAC [tomografia computadorizada] do Hospital de São João que
fala num nódulo num dos pulmões e aconselha a ser vista e tratada após a
crise pandémica, “mas tal nunca é referido na nota de alta” hospitalar,
nem sequer oralmente.“Isso foi-me
sonegado pelo Hospital de São João. Já mandei um mail a reclamar e até
agora não tive resposta. Mas é um dado importante para quem tem uma alta
[hospitalar], que é saber que tem um problema, que pode ter sido
provocado pela covid-19, pode ser uma sequela e não vem referido na nota
de alta”, criticou.Ana Loura contou que
só descobriu que tem um nódulo e que tem de ser acompanhada após sentir
muito cansaço e se ter dirigido ao centro de saúde em Vila do Conde,
distrito do Porto.Contactada pela Lusa, a
presidente do Conselho Clínico do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES)
da Póvoa de Varzim e Vila do Conde, Maria José Campos, explicou que
recomendou à paciente Ana Loura que deveria ser acompanhada por um
pneumologista, acrescentando que “a doente recuperada foi avaliada como
utente esporádica" naquele centro de saúde.A
Lusa questionou a Administração Regional de Saúde do Norte (ARS Norte) e
fonte oficial explicou que o acompanhamento de doentes pós internamento
por covid-19 prossegue “de acordo com as orientações definidas pela
Direção-Geral da Saúde”.“Existe
articulação entre o hospital – Sistema de Gestão de Alta – e a equipa de
Saúde Familiar da Unidade de Saúde onde os mesmos se encontram
inscritos, para esse efeito”, lê-se numa nota por escrito enviada à
Lusa.Fonte médica do São João explicou à
Lusa, por seu turno, que o Centro Hospitalar não tem capacidade para
seguir todos os doentes internados no Serviço de Infecciologia, no pós
alta hospitalar.“Numa altura de
emergência, com dezenas ou centenas de doentes a aparecerem nos
hospitais e com outros doentes em situação de não covid que estão a ser
tratados, não podem os hospitais assegurar tudo e mais alguma coisa. As
tarefas têm de se dividir”, explicou à Lusa António Sarmento, diretor do
Serviço de Infecciologia do São João, assumindo que ali se assegura o
tratamento na doença ativa, internando se for grave, e menos grave
acompanhando no domicílio.Numa segunda fase, o acompanhamento tem de ser feito pelo médico do doente, sublinhou António Sarmento.