Doença Hemorrágica Epizoótica deixa produtores pecuários do Planalto Mirandês apreensivos
19 de out. de 2023, 10:13
— Lusa/AO Online
Em declarações prestadas à agência Lusa, o secretário técnico da Associação Nacional de
Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, Válter Raposo disse que, quando
infetados, os animais ficam vulneráveis porque a sua imunidade fica mais
comprometida, o que deixa os agricultores apreensivos quanto ao
rendimento das suas explorações.“Depois de
um cenário de seca que já dura há dois anos vir agora uma peste é de
ficar muito apreensivo em relação ao futuro das explorações pecuárias e
consequente produção de carne, neste caso”, indicou o também médico
veterinário.De acordo com o responsável,
esta doença é provocada por um mosquito, não sendo transmitida aos
humanos, e tem origem nos cervídeos (corços), manifestando-se através da
picada deste inseto.Os primeiros casos
detetados nestes territórios são referentes a julho e início de agosto,
tendo sido mais frequentes desde o início de setembro, o que está a
deixar os produtores pecuários preocupados.De
acordo com um edital da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária
(DGAV) datado de 06 de outubro, encontram-se afetados pela DHE “todos os
distritos e concelhos do território de Portugal Continental”.Válter Raposo
alertou para a necessidade de haver um cuidado redobrado nas
explorações pecuárias com a utilização frequente de repelentes para
insetos.De acordo com o veterinário, os
concelhos mais afetados pela DHE neste território nordestino são os de
Mogadouro, Miranda do Douro e parte de Vimioso, havendo também registo
no concelho de Bragança.O município de
Mogadouro anunciou que a partir de segunda-feira será distribuída
gratuitamente aos produtores pecuários desparasitante externo para
prevenção da DHE em bovinos, sendo que para o efeito basta contactar o
Gabinete Municipal de Veterinária.A Lusa fez um pedido de esclarecimentos à DGAV e aguarda resposta.Segundo
um edital publicado no sítio oficial da Internet, a DGAV indica que os
sinais clínicos desta doença são febre e falta de apetite, estomatite
ulcerativa – lesões na mucosa da boca, produção excessiva de saliva e
dificuldade em engolir, coxeira, devido à inflamação das coroas dos
cascos, e úbere avermelhado.“A DGAV aleta
que esta doença pode provocar a morte do animal, mas é mais frequente a
sua recuperação em duas semanas”, acrescenta.A
notificação de qualquer suspeita deve ser realizada de forma imediata
aos serviços da DGAV, para permitir uma rápida e eficaz implementação
das medidas de controlo da doença no terreno.Deverão
também ser reforçadas medidas de higiene e desinsetização de
instalações para controlo vetorial, bem como dos veículos de transporte.As
medidas de controlo a implementar serão adaptadas em função da
avaliação das medidas de vigilância e baseiam-se na delimitação de zonas
livres e zonas afetadas, bem como na implementação de condicionantes à
movimentação animal das espécies sensíveis.De acordo com a DGAV, focos da DHE foram detetados em Badajoz em novembro de 2022.