Doada viatura à Equipa de Cuidados Paliativos Pediátricos
6 de abr. de 2022, 10:19
— Carolina Moreira
A Equipa de Cuidados Paliativos Pediátricos do Hospital do Divino
Espírito Santo (HDES), em Ponta Delgada, recebeu ontem a doação de uma
viatura por parte do Conselho de Mecenato do HDES, com o intuito de
apoiar o serviço prestado ao domicílio a bebés, crianças e jovens e às
suas famílias.Para a médica responsável por esta equipa, Paula
Maciel, a viatura disponibilizada vai permitir a “prestação de cuidados
paliativos no domicílio às crianças e jovens, assim como aos pais cujos
filhos padecem de doença limitante, prolongada, progressiva e incurável,
de modo a proporcionar alguma qualidade de vida”.A Equipa de
Cuidados Paliativos Pediátricos foi criada em 2020, contando atualmente
com 13 profissionais de diferentes áreas, tais como farmacêuticos,
psicólogos, nutricionistas, enfermeiros, médicos, terapeutas e um
capelão, tendo como objetivo a prestação de cuidados ao domicílio de uma
“forma global e ativa, abrangendo não só a componente física, como a
social, a emocional a até espiritual”.“Não nos preocupa a doença que a criança tem, mas sim a criança que tem aquela doença e a sua família”, salienta Paula Maciel.A
médica adianta que atualmente a Equipa de Cuidados Paliativos
Pediátricos do HDES acompanha diretamente cinco crianças, realçando que a
“vantagem de irmos diretamente ao domicílio ou à instituição onde a
criança se encontra é óbvia: vemos a criança no seu meio, integrada na
sua família, com as suas condições de vida, com a dinâmica da família
que é muito generosa ao permitir que entremos na casa deles. E
retribuímos essa generosidade com aquilo que sabemos fazer melhor que é
cuidar dessas crianças”, destaca.“Como é óbvio, a doação desta
viatura vai permitir uma flexibilidade maior dos cuidados, eventualmente
numa situação mais urgente temos essa viatura ao nosso dispor, além de
que, ao ser doado ao serviço de Pediatria, vai permitir também outros
projetos que já tínhamos ambicionado, nomeadamente dentro da área da
Neonatologia”, adianta Paula Maciel, mencionando como exemplos “os
prematuros e as altas dos bebés, as dificuldades que os primeiros dias
de vida desses bebés trazem às suas famílias, e também os recém-nascidos
com malformações, com diagnósticos de doenças genéticas que podem
limitar a sua vida e, assim, conseguimos proporcionar os cuidados
adequados nesse início em casa”, frisa.Quanto à aceitação da Equipa
de Cuidados Paliativos Pediátricos por parte dos doentes e das suas
famílias, a pediatra Paula Maciel afirma que “a palavra ‘paliativos’
assusta, mas à medida que começamos a trabalhar as famílias percebem a
nossa disponibilidade e aceitam-nos bem e sentem que têm esse apoio e
suporte”.A responsável destaca ainda que o “preconceito” existe
também nos próprios profissionais de saúde que “continuam a associar
‘paliativo’ a fim de vida, quando na pediatria essa realidade é bem
diferente”.“A grande percentagem de crianças que precisa de cuidados
paliativos tem problemas metabólicos, genéticos, paralisias cerebrais,
são prematuros que ficam com sequelas muito graves, ou seja, não são
apenas as crianças oncológicas”, esclarece.Nesse sentido, Paula
Maciel também considera que “esta viatura nos vai permitir dar alguma
visibilidade ao nosso trabalho e ao nosso esforço e esse preconceito, ao
pouco e pouco, vai-se alterando”, diz.Na ocasião, o presidente do
Conselho de Mecenato do HDES, Ricardo Martins Mota, referiu que a
viatura doada à Equipa de Cuidados Paliativos Pediátricos resulta de uma
doação anónima e pretende ser um “reconhecimento ao trabalho do
conselho de administração e a todos os profissionais deste hospital e,
em especial, ao serviço de Pediatria e àqueles que estão nos cuidados
paliativos pediátricos”.“Por outro lado, é uma questão de direitos
da criança, porque estas crianças com doenças crónicas complexas ou
limitantes de vida e, podendo, têm o direito a que o seu tratamento seja
feito no seio familiar”, sendo esta viatura “um meio para proporcionar
este fim”.Questionado sobre outros projetos que estejam a ser
desenvolvidos pelo Conselho de Mecenato do HDES, Ricardo Martins Mota
destaca que “estamos a desenvolver o nosso site, que deverá estar
concluído no próximo mês, e será uma forma simples para o cidadão
contribuir, proporcionando também a monitorização do projeto para o qual
doou dinheiro”, afirma.