Os primeiros raios de sol entram pela
janela do avião. O sinal de cintos apertados foi desligado e pelo
corredor circula o carrinho com as refeições servidas a bordo,
recentemente adaptadas para, segundo a companhia, se ajustarem aos
tempos e oferecerem opções mais saudáveis. Entre estas novidades
está um produto consumido em terra pelos açorianos há já mais de
quarenta anos, cujo propósito inicial foi precisamente introduzir no
mercado algo mais saudável, aproveitando o melhor que as ilhas têm
para dar.
Embora os iogurtes façam hoje
naturalmente parte dos hábitos de consumo dos açorianos, o mesmo
não se verificava em 1978, quando a Yoçor foi fundada.
Quando Hugo Garcez Coelho assumiu um
lugar na gestão da empresa, o cenário era já bem diferente, mas
esses primeiros passos estiveram sempre presentes desde o início do
seu percurso. “Reconheço as dificuldades que houve na
implementação de algo diferente para os laticínios dos Açores e
isso faz-me ter ainda mais respeito pela marca. Este foi, desde logo,
um fator que sempre me motivou a querer ajudar”, sublinha.
A entrada de Hugo Garcez na empresa
veio trazer uma nova abordagem, colocando duas pessoas não só de
gerações diferentes como com bases de conhecimento bem distintas,
uma mais teórica e outra assente na prática de muitos anos, a
trabalhar para um mesmo fim.
“Na verdade, só faltava mesmo
encaixar a reconhecida fórmula e qualidade da Yoçor dentro daquilo
que são as exigências do mercado no momento”, explica. “É desta forma que continuamos a
crescer até aos dias de hoje.”
Esta capacidade de adaptação tem sido
uma constante da empresa ao longo dos anos. O produto mais
emblemático continue a ser o iogurte, tanto na sua forma mais
natural como o aromatizado com frutos dos Açores, como o ananás, o
maracujá ou a amora silvestre, mas a oferta é cada vez mais
diversificada, de forma a ir de encontro às expetativas dos
consumidores.
Atualmente, o nome Yoçor está
impresso também em gelatinas, com e sem açúcares adicionados,
embalagens em formatos familiares e até opções sem lactose.
Hugo Garcez sublinha que, a par destas
inovações, está sempre uma atenção redobrada com a comunicação.
“Hoje em dia, é muito importante essa relação com o produto, a
sua origem. Há que saber relacionar a parte humana e apresentar um
produto que seja um companheiro do consumidor e que este tenha
orgulho em escolher”, defende.
2025 será um ano de remodelações que
não se resume a um forte investimento em comunicação: “Não só
queremos apresentar um produto mais bonito mas também transmitir os
nossos valores, tendo em consideração aquelas que são as
preocupações de hoje em dia”, sublinha, apontando as questões
ambientais como as que estão no topo da lista de prioridades da
empresa, algo que irá imprimir mudanças a vários níveis, desde o
tipo de material utilizado para a produção das embalagens como na
própria forma de entrega dos produtos. Entre elas está o
investimento em veículos elétricos para distribuição e a
substituição das garrafas de polietileno (PE) para Polietileno
tereftalato (PET), um material reutilizado.
“Temos vindo a sensibilizar os
produtores e os nossos fornecedores para adotarem também estas
políticas e alguns deles já estão a fazer este esforço para
atingirmos a meta de termos um material 100% reciclado”, garante,
acrescentando que cabe às indústrias dar o exemplo do ponto de
vista ambiental.
“A meu ver, não se trata apenas de
ficar bem na fotografia mas de assumir uma responsabilidade, de nos
sentirmos bem com o que fazemos”, defende.
Para além de todas estas missões,
Hugo Garcez confessa que tem abraçado uma outra, mais emocional. “Ao
longo dos anos, tornei-me cada vez mais sozinho nas decisões, mas
hoje estou a trazer novamente a família aos negócios”, afirma,
admitindo ser esta aquilo que, desde o início, o fez querer fazer
parte deste projeto. “No final de contas, estas ligações são um
motivador extra para darmos o nosso melhor”, sublinha.
Os produtos da Yoçor voam hoje bem
mais alto que outrora, mas Hugo Garcez garante que a empresa continua
a ter os pés bem assentes na terra e a querer cumprir a sua missão
para com os açorianos, também ela com um vínculo emocional.
“Queremos continuar a crescer e a
estar mais presentes em cada uma das ilhas. Nunca deixaremos de fazer
um esforço extra para que isso aconteça”, garante.