Divulgar plano de reestruturação da SATA seria “causador de confusão significativa”
24 de jul. de 2020, 09:52
— Lusa/AO Online
Luís Rodrigues, ouvido na Comissão de Economia
da Assembleia Regional no âmbito de um requerimento do PPM, considerou
que divulgar o plano "seria causador de uma confusão significativa" da
qual a empresa "definitivamente não precisa". A
SATA, empresa pública açoriana, composta pela SATA Air Açores
(responsável pelas ligações inter-ilhas) e pela Azores Airlines (que
opera entre a região e o exterior), solicitou um auxílio de Estado de
163 milhões de euros, para "prover as necessidades de liquidez" até ao
final deste ano, comunicou a empresa no início de julho. Este
auxílio representa um aval do Governo Regional para a empresa se
financiar, sendo que o processo carece de autorização da Comissão
Europeia, pelo que Luís Rodrigues salientou que o plano poderá sofrer
ajustes. "A divulgação do plano nesta fase
seria considerada pela União Europeia (UE) uma forma de pressão
totalmente inaceitável. Portanto, arriscar-nos-ia a levar com os
remédios mais severos que eles [UE] possam a imaginar e aí a coisa
virava-se contra nós", afirmou Luís Rodrigues. O
responsável pela SATA acrescentou que a segunda versão do plano
(reajustado devido à pandemia da covid-19) já foi entregue à Secretaria
Regional dos Transportes e Obras Públicas e à vice-presidência do
Governo Regional.Luís Rodrigues avançou
que as taxas de ocupação da companhia durante o mês de julho foram de
33% na ligação com os Estados Unidos, 40% nas ligações domésticas e 50%
nos voos interilhas. Após questionado pelo
deputado do PPM Paulo Estêvão sobre uma notícia publicada no Açoriano
Oriental que dava conta de não existirem despedimentos previstos no
plano de reestruturação, o presidente da SATA considerou que os recursos
humanos não são um dos "problemas" da SATA.Luís
Rodrigues assinalou que o grupo fatura cerca de 240 milhões de euros
por ano, que a massa salarial com os recursos humanos representa 70
milhões de euros e que o défice anual da companhia nos "últimos anos"
foi de 50 milhões de euros. "A SATA
estaria hoje a falar com a União europeia com covid ou sem covid. Ponto
final parágrafo", declarou, referindo-se ao pedido de auxílio de Estado.
A secretária regional dos Transportes e
Obras Públicas, Ana Cunha, também ouvida na comissão, revelou que a
recuperação da empresa passa por aproveitar os recursos humanos,
assinalando que em "alguns casos", ao longo dos últimos meses, as taxas
de ocupação dos voos tiveram "quebras superiores a 88%". O
deputado do PPM, que tinha solicitado informações acerca das taxas de
ocupação e sobre o plano de reestruturação da companhia, considerou "uma
mão cheia de nada" as informações prestadas por Luís Rodrigues.Paulo
Estêvão destacou que as audições foram requeridas há quase dois meses,
em 28 maio, realçando que o "parlamento deve ser informado" dos assuntos
relacionados com a empresa.