Dívida dos municípios desceu 138 ME em 2020 apesar da pandemia
13 de dez. de 2021, 12:26
— Lusa/AO Online
De
acordo com a investigadora Maria José Fernandes, coordenadora deste
estudo anual realizado com o apoio da Ordem dos Contabilistas
Certificados (OCC) e do Tribunal de Contas, 218 dos 308 municípios
conseguiram baixar em 2020 a respetiva dívida a pagar, contribuindo para
um decréscimo global do passivo exigível municipal em 138 milhões de
euros.“Verificamos que há uma ligeira
baixa no que são alguns dos setores das receitas autárquicas, também
muito fruto, eu penso, da questão da pandemia, mas há de facto
indicadores muito positivos”, considerou.Em
destaque esteve também, em 2020, “a diminuição da dívida, em termos
globais, de todo o setor, quer dos municípios, das empresas municipais e
dos serviços municipalizados”, em cerca de 100 milhões de euros.No
ano passado, verificou-se “um maior número de amortização de
empréstimos bancários do que propriamente o recurso a novos empréstimos
bancários” e “mais de metade dos municípios apresentou um volume de
receita efetiva superior ao volume da despesa efetiva”.“A
diferença entre o volume das amortizações de capital em dívida e o
montante de novos empréstimos foi +208 milhões de euros, contribuindo o
setor autárquico de forma muito positiva para a diminuição líquida do
passivo financeiro do Estado”, sublinhou.A
investigadora realçou que esta situação se verificou apesar “do
acréscimo de despesa que os municípios, sobretudo em termos sociais,
incorreram e também naturalmente de alguma diminuição de receita”.“Relativamente
àquilo que é a receita cobrada, verificamos que há uma baixa de
impostos e taxas, mas que é compensada também pelas transferências, que
têm um volume maior, quer correntes, quer transferências de capital”,
disse.Em termos de impostos diretos, o IMI
(Imposto Municipal sobre Imóveis) aumentou muito ligeiramente (0,6%) e o
IMT (Imposto Municipal sobre a Transmissão Onerosa de Imóveis), tal
como a derrama (imposto municipal que incide sobre o lucro tributável
das pessoas coletivas), teve uma descida, “mas também não
significativa”.Os municípios pagaram 84,1%
dos compromissos assumidos: 67 municípios apresentaram uma taxa de
pagamento de compromissos superior a 90% e 287 municípios apresentam
uma taxa de pagamentos de obrigações superior a 90%.O
volume da despesa paga foi, no total, de 8,8 mil milhões de euros,
representando um aumento ligeiro de 0,8% (+72,5 milhões de euros),
tendo sido o valor mais elevado nos últimos 11 anos.Com
o aumento da despesa e a redução da receita, nos fluxos de caixa o
volume das despesas pagas superou em 3,5 milhões de euros o volume de
receitas cobradas, mas foi possível um equilíbrio “com a mobilização do
saldo da gerência anterior”.Num ano de
pandemia, mas em que se aproximava o horizonte de eleições autárquicas, o
investimento direto dos municípios totalizou 2.720 milhões de euros, um
aumento de 13,1% (+314,9 milhões de euros).Do
total dos municípios, 206 apresentaram um aumento do montante global
de investimento direto e indireto, que em 74 deles foi mesmo superior a
50%.Tendo como referência a despesa
prevista, o grau de execução da despesa paga no final de 2020 foi de
apenas 73,3%, apresentando “o decréscimo pouco significativo” de -1,6
pontos percentuais (pp) face ao ano anterior.Segundo
o documento, entre 2010 e 2020 verificou-se “uma enorme evolução dos
saldos orçamentais”: no ano passado, “pela sexta vez consecutiva no
conjunto dos municípios” verificou-se “um saldo efetivo e um saldo
primário positivos, quando obtidos pela diferença entre receitas
liquidadas e compromissos assumidos”, tendo contribuído para um saldo
orçamental positivo de 149 municípios.No
ano passado, as despesas com pessoal continuavam a liderar no bolo das
despesas autárquicas, representando, em média, 31,2% do total global.Em
2020 há ainda a destacar resultados negativos de 143 municípios que os
investigadores justificam “essencialmente com alterações de critérios de
registo contabilístico devido à implementação do SNC-AP [Sistema de
Normalização Contabilística - Administrações Públicas] e não a
alterações significativas da estrutura económica dos municípios”.O
Anuário Financeiro dos Municípios Portugueses, com o apoio da OCC, é
apresentado hoje durante uma conferência, a partir das 10:00, disponível
'online' em
https://www.youtube.com/ordemdoscontabilistascertificadosocc.