Autor: Lusa/AO Online
De acordo com os dados do relatório mensal elaborado pela Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, a que a Lusa teve acesso, os hospitais aumentaram a dívida às farmacêuticas em 2 milhões por dia, aumentando, no último mês, 60 milhões de euros.
Nos dados, constata-se que a dívida total dos hospitais aos laboratórios subiu 67,3 por cento desde agosto do ano passado, passando de 555,7 milhões para 929,5 milhões de euros.
A manter-se o crescimento da dívida, já neste mês ou no próximo os valores devem superar os mil milhões de euros.
A crescente subida destes valores, que estão sucessivamente a aumentar desde agosto do ano passado (com exceção do mês de dezembro), levou os associados da Apifarma a avançarem para a cobrança de juros, tendo motivado um pedido de informação por parte da Autoridade da Concorrência.
A Autoridade da Concorrência está a investigar pelo menos mais dois processos na área da Saúde, para além da investigação à eventual concertação de posições dos laboratórios relativamente à cobrança de juros pelas dívidas dos hospitais.
O pedido de esclarecimentos feito à Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma), na mesma semana em que foi aprovada em assembleia geral a resolução que avança para a cobrança de dívidas, é o último de, pelo menos, mais dois processos que estão em investigação pela equipa liderada por Manuel Sebastião.
Os outros dois processos, os únicos publicamente conhecidos, dizem respeito a duas queixas interpostas pela Apifarma junto da Autoridade da Concorrência e que visam diretamente a Associação Nacional das Farmácias.
Um tem a ver com a eventual verticalização da atividade da ANF que, ao ter avançado para a produção de genéricos, com a marca Almus, acaba por participar na produção, distribuição e venda dos medicamentos, através da Almus (na produção), da Alliance Unichem (na distribuição) e na venda (através das farmácias).
O outro tem a ver com a atividade da empresa Sifarma, que recolhe a informação relativa ao mercado do medicamento diretamente das farmácias que são associadas à ANF. Como a ANF é a associação escolhida por mais de 2.700 das cerca de 3.000 farmácias existente em Portugal, a Apifarma entende que a recolha dessa informação configura informação privilegiada.