Divergências eram inultrapassáveis e "não havia terceira via"
OE/Crise
4 de nov. de 2021, 21:10
— Lusa/AO Online
Numa comunicação ao país, a partir
do Palácio de Belém, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa justificou
assim a decisão de dissolver o parlamento e convocar eleições
antecipadas para 30 de janeiro.
O Presidente da República considerou
que foi rejeitado "um Orçamento especialmente importante, num
momento especialmente importante" e realçou "o modo dessa
rejeição" da proposta de lei do Governo minoritário do
PS.
"A rejeição deixou sozinho a
votar o Orçamento o partido do Governo, a rejeição dividiu por
completo a base de apoio do Governo mantida desde 2015. A rejeição
ocorreu logo na primeira votação, não esperou pelo debate e
discussão na especialidade, e menos ainda pela avaliação na
votação final global", referiu.
Segundo o chefe de Estado, "não
foi uma rejeição pontual, de circunstância, por desencontros
menores" entre o PS e os partidos à sua esquerda que
viabilizaram anteriores orçamentos, PCP, BE e PEV, e que agora
votaram contra. "Foi de fundo, de substância, por divergências
maiores, em áreas sociais relevantes, no Orçamento ou para além
dele, como a Segurança Social ou a legislação do trabalho",
contrapôs.
"Divergências tão maiores que se
tornaram inultrapassáveis, e que pesaram mais do que percurso feito
em conjunto até aqui. E, sobretudo, pesaram mais do que a especial
importância do momento vivido, à saída da pandemia e da crise
económica e social, e do que o Orçamento a votar nesse momento",
prosseguiu.
No seu entender, nas atuais
circunstâncias, esse desfecho é incompreensível para os
portugueses.
"Nada de menos compreensível,
penso eu, para o cidadão comum, que desejava que o Orçamento
passasse, que esperava mesmo que passasse, que entendia que já
bastava uma crise na saúde, mais outra na economia, mais outra na
sociedade, e que por isso dispensava, estou certo, ainda mais uma
crise política a somar a todas elas", disse.
O Orçamento do Estado para 2022 foi
chumbado logo na votação na generalidade, em 27 de outubro, com
votos contra de PSD, BE, PCP, CDS-PP, PEV, Chega e Iniciativa
Liberal. Teve votos a favor apenas da bancada do PS e abstenções do
PAN e das deputadas não inscritas Joacine Katar Moreira e Cristina
Rodrigues.