Dissolução do parlamento dos Açores é questão que não se coloca neste momento
10 de mar. de 2023, 06:48
— Lusa/AO Online
Em
entrevista à RTP e ao Público, previamente gravada no Palácio de
Belém e divulgada na quinta-feira à noite por estes dois órgãos de
comunicação social, Marcelo Rebelo de Sousa referiu ter-se informado com
os principais protagonistas políticos regionais e comunicou que "não se
coloca neste momento aquilo que levaria à intervenção do Presidente".O
chefe de Estado salientou que "o representante da República participa
na formação do Governo, mas para dissolver só o Presidente da
República", reiterando: "Não se coloca essa questão neste momento".O
Presidente da República disse que foi informado de que "decorrem
contactos para apurar se os elementos que se afastaram da base de apoio e
dos termos do apoio – ainda não entregaram as suas declarações ao
representante da República – se de facto aceitam ou não apoios
parlamentares, e em que termos é que aceitam, com que incidência,
sobretudo em documentos fundamentais, nomeadamente o Orçamento"."Portanto,
neste quadro, em termos de estabilidade e governabilidade aquilo que
existe é um conjunto de diligências em curso no sentido de se perceber
qual é a possibilidade – houve uma vez, é muito anormal nos Açores, e na
Madeira mesmo penso que não há nenhum caso – de um Governo
minoritário", acrescentou.Marcelo Rebelo
de Sousa relatou que desde quarta-feira ouviu "o representante da
República, o presidente da Assembleia Legislativa, o presidente do
Governo e o líder da oposição", para "ficar com o retrato da situação"."Está
a ser executado um Orçamento, que teve uma maioria ampla que o votou,
não há Orçamento retificativo previsível e, portanto há um caminho até
ao próximo Orçamento, que é no final do ano, como sempre", observou.Na
quarta-feira, o deputado único da Iniciativa Liberal no parlamento
açoriano, Nuno Barata, rompeu o acordo de incidência parlamentar de
suporte ao Governo Regional dos Açores, chefiado pelo social-democrata
José Manuel Bolieiro, e depois o independente Carlos Furtado, ex-Chega,
também rompeu com esse acordo.O executivo
regional de coligação PSD/CDS-PP/PPM passou assim a ter o apoio de
apenas 27 deputados em vez dos iniciais 29, mantendo um acordo de
incidência parlamentar com o Chega. Falta-lhe um deputado para assegurar
a maioria dos votos no parlamento açoriano, que é composto por 57
deputados.Nas regionais de 25 de outubro
de 2020, o PS perdeu a maioria absoluta que detinha há 20 anos na
Assembleia Legislativa Regional dos Açores, apesar de continuar o
partido mais votado, elegendo 25 deputados em 57. O Bloco de Esquerda
elegeu 2 deputados, o PAN 1, enquanto a CDU não conseguiu nenhum eleito.À
direita, formou-se uma maioria alternativa de 29 deputados – 21 eleitos
pelo PSD, 3 pelo CDS-PP, 2 pelo Chega, 2 pelo PPM e 1 pela Iniciativa
Liberal – com base na qual foi constituído um Governo de coligação do
PSD com CDS-PP e PPM e com acordos de incidência parlamentar com Chega e
Iniciativa Liberal.