Dispositivo deteta cancro do ovário em poucos minutos através de gota de sangue
30 de set. de 2017, 18:32
— Lusa/AO Online
Este projeto foi distinguido com o Prémio de Inovação em Saúde i3S -
Hovione Capital, um prémio internacional criado este ano pela companhia
de investimentos Hovione Capital e pelo Instituto de Investigação e
Inovação em Saúde (i3S), no valor de 35 mil euros, que visa distinguir
ideias inovadoras na área da saúde e que foi entregue esta quinta-feira,
nas instalações do instituto.O dispositivo, que utiliza pequenas
amostras minimamente invasivas de sangue (dois ou três microlitros),
possibilita a obtenção de uma análise em poucos minutos, explicou à Lusa
a investigadora Inês Pinto, do Laboratório Ibérico Internacional de
Nanotecnologia (INL), de Braga, a entidade portuguesa envolvida no
projeto.O resultado é conseguido através da verificação da
existência de um biomarcador "inovador", identificado por esta equipa de
investigadores.Esta tecnologia portátil desenvolvida pela equipa
é diferente das existentes atualmente em ambiente hospitalar e permite
uma maior flexibilidade em termos de monitorização de uma doente, mesmo
depois de já ter sido diagnosticada com cancro do ovário."Não é
necessário um laboratório tecnologicamente elaborado ou um técnico
especializado para operar este novo dispositivo visto que pode funcionar
como um teste simples e rápido, o que leva à uma redução significativa
de custos e permite uma descentralização de serviços", disse a
investigadora.Para além disso, o diagnóstico conseguido com este
dispositivo, que foi desenvolvido em parceria com a Swansea University
College of Engineering e o Centro de NanoHealth, do Reino Unido, permite
às doentes ter uma terapêutica "mais adequada".Este dispositivo pode ser utilizado com outros biomarcadores, para detetar outros tipos de doença, contou Inês Pinto.De
acordo com a cientista, o cancro do ovário é detetado, em mais de 75%
dos casos, em estados avançados, estando associado uma elevada taxa de
mortalidade.Os exames tradicionais para a sua deteção passam pela
ultrasonografia transvaginal e pela análise dos níveis do biomarcador
CA125 no sangue, através do teste Elisa, "mais dispendiosos" do que esta
nova tecnologia.Segunda a investigadora, outra das limitações
dos testes tradicionais prende-se com o biomarcador CA125, classicamente
utilizado para o diagnóstico desta patologia, que "não é
suficientemente específico".Nesse sentido, "a urgência de um
teste como este era efetivamente muito grande", visto que possibilita um
diagnóstico precoce, continuou.A tecnologia, que se encontra
numa fase de otimização, teve início há cerca de cinco anos, no âmbito
da investigação em biologia.O Prémio de Inovação em Saúde i3S -
Hovione Capital conta com o apoio do Instituto Europeu de Inovação e
Tecnologia (EIT-Health), e com a parceria da Blueclinical, da Patentree,
da SRS Advogados e da Impact Science, do Reino Unido, e da Agência
Nacional de Investigação (ANI) do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Ensino Superior (MCTES).Foram também distinguidos o projeto
"AntiBioCoat", desenvolvido por investigadores do i3S, que propõe um
novo tipo de revestimento antiadesivo para cateteres, e o "Delox", da
Universidade de Lisboa, que apresentou um novo processo de vaporização
de peróxido de hidrogénio para esterilização em ambiente hospitalar.Outro
dos primados foi o "MagCyte", do Instituto Superior Técnico (IST), de
Lisboa, e do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores,
Tecnologia e Ciência (INESC TEC), do Porto, que consiste numa nova
abordagem para deteção de células cancerígenas.Um dispositivo
biónico para aplicação dentária, que deteta e informa sobre a pressão
durante a mastigação, denominado "SmartTooth" e criado pelo IPO-Porto,
pela Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) e pela
empresa GadgetWhisper, foi ainda distinguido.