Discussão sobre estatuto de desgaste rápido para tripulantes tem "resultados nulos"
30 de dez. de 2019, 10:42
— Pedro Emídio/Lusa
“Cabe
ao poder político uma tomada de decisão no que diz respeito à nossa
profissão […], que tem situações que a tornam muito específica,
nomeadamente, as ausências de casa e o ambiente de trabalho, que é num
meio fechado”, notou o presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de
Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Henrique Louro Martins, em entrevista à
Lusa. Assim, e tendo em conta os vários
estudos elaborados pela estrutura sindical, não existem fundamentos para
que os tripulantes de cabine não tenham acesso ao estatuto de profissão
de desgaste rápido, defendeu. Porém,
conforme sublinhou este responsável, esta é uma matéria com “cerca de
uma década” e as petições “vão-se sucedendo e os resultados têm sido
nulos, apesar do empenho reconhecido da classe e das sucessivas
direções” do SNPVAC.Em 11 de junho, o
sindicato, então dirigido por Luciana Passo e Bruno Fialho, foi ouvido
na Assembleia da República a propósito de uma petição para o
reconhecimento da profissão, que reuniu 13 mil assinaturas, tendo ficado
estipulado que a Comissão de Trabalho e Segurança Social tinha 20 dias
para dar parecer sobre o pedido de estatuto. Hoje
Henrique Louro Martins disse à Lusa que o pedido “vai ser apreciado
para discussão” no parlamento e, até lá, o assunto está “no segredo dos
deuses”. Reunimos “várias centenas de
assinaturas, mas isto não quer dizer que depois a parte política dê o
passo que estamos à espera”, lamentou o dirigente sindical, admitindo
que os trabalhadores e a estrutura continuam a manter a esperança de que
“a situação seja corrigida”. No final de
novembro, a lista encabeçada pelo também tripulante da TAP venceu as
eleições para a direção do SNPVAC, depois dos anteriores dirigentes
terem sido destituídos. De acordo com um
documento a que a Lusa teve acesso, na altura, a lista A, de Louro
Martins, reuniu 842 votos, mais 93 do que a Lista B (749 votos),
liderada pelo também tripulante da TAP João Oliveira. Em 27 de setembro, a direção do SNPVAC, encabeçada por Luciana Passo e Bruno Fialho, foi destituída em assembleia-geral.“O
sim [à destituição] venceu por 14 votos”, avançou à agência Lusa a até
então presidente do SNPVAC, Luciana Passo, referindo que na votação
houve “cerca de 40 abstenções” numa reunião que contou com 480
presenças.A reunião extraordinária foi pedida por um grupo de cerca de 200 pessoas, desagradadas com a direção do SNPVAC.