Dirigentes do CDS-PP/Açores e líder regional do partido trocam acusações
31 de out. de 2019, 06:57
— Lusa/AO Online
“Desde
março de 2017 que a Comissão Diretiva Regional (órgão executivo máximo
do partido nos Açores) não reúne para, entre outras, analisar e aprovar
as contas do CDS-PP/Açores. De igual modo, desde 2017, a Comissão
Política Regional (órgão de direção responsável pela execução da
orientação política do partido nos Açores) sempre que se reuniu não o
fez em conformidade com as diretrizes legais e estatutárias em vigor,
como é o caso da havida em março deste ano que reuniu sem quórum e
irregularmente convocada”, adiantou o antigo líder regional centrista e
senador nacional do partido Rui Meireles.A
conferência de imprensa, que decorreu na sala de reuniões da Aerogare
Civil das Lajes, na ilha Terceira, foi convocada pelo presidente da
Câmara Municipal das Velas e candidato à liderança do partido, Luís
Silveira, mas à hora marcada o dirigente centrista ainda se encontrava
em Ponta Delgada, por atraso no voo, e o histórico do CDS leu o
comunicado em seu lugar, acompanhado pelo vice-presidente do partido
Nuno Melo Alves e pela ex-deputada regional do CDS-PP, agora
independente, Graça Silveira.Segundo os
dirigentes do CDS-PP, a data, local e regulamentos do congresso regional
do partido, previsto para 07 e 08 de dezembro, na Praia da Vitória,
foram decididos numa reunião da comissão política regional sem quórum, o
que levou Luís Silveira a apresentar uma queixa ao Conselho Nacional de
Jurisdição do CDS.A dois dias do início
da eleição dos delegados do congresso, os centristas descontentes com
Artur Lima decidiram reiterar em conferência de imprensa que o Conselho
Nacional de Jurisdição declarou “nulas todas as decisões tomadas naquela
Comissão Política Regional” e que o líder do partido não convocou
novamente os órgãos para voltar a marcá-lo. "O
dr. Artur Lima não só não convocou os órgãos parar reunir como
continuou a sua demanda autocrática, atacando dirigentes e militantes do
CDS-PP/Açores só porque apoiam a única candidatura anunciada à
liderança do partido", leu Rui Meireles. Enquanto
decorria a conferência de imprensa, o CDS-PP enviou um comunicado de
imprensa, anunciando o adiamento do congresso, mas por outros motivos. “Face
aos resultados eleitorais verificados nas últimas eleições de 6 de
outubro, não existem de momento os recursos humanos, materiais e
logísticos necessários para a sua concretização na data prevista”,
lê-se. “Atendendo ao momento difícil que o
partido atravessa”, o CDS-PP/Açores decidiu ainda convocar para o
próximo dia 08 de novembro, não o Conselho Diretivo Regional ou a
Comissão Política Regional, mas o Conselho Regional do Partido, frisando
que é “órgão máximo do partido entre congressos na região”. Questionado
pela Lusa, o líder do CDS-PP/Açores, Artur Lima, negou que a convocação
do congresso seja ilegal, alegando que face à falta de quórum da
reunião da Comissão Política Regional foi convocado o Conselho Regional,
que “ratificou” todas as decisões sobre esta matéria.Artur
Lima, que ainda não revelou se se recandidatará à liderança do partido,
acusou os dirigentes que apoiam Luís Silveira de mentirem e de tentarem
“paralisar os órgãos do partido”, faltando propositadamente às reuniões
convocadas. “A mentira tem perna curta.
Estamos a lidar com gente sem palavra, sem princípios e que faz do
ataque pessoal à minha pessoa o seu principal eixo de atuação política”,
acusou. O líder centrista disse ainda que
Rui Meireles e Nuno Melo Alves deviam ter "vergonha" de se sentarem, em
conferência de imprensa, "ao lado de uma deputada que passou a
independente e prejudicou gravemente o partido", alegando que quando
Paulo Gusmão o fez "exigiram rapidamente" a sua expulsão. Segundo
Artur Lima, o Conselho Diretivo Regional foi convocado em julho deste
ano, mas Nuno Melo Alves, Augusto Cymbron (vice-presidentes) e Graça
Silveira (presidente do Conselho Económico e Social) faltaram, deixando o
órgão sem quórum, apenas com o próprio, Félix Rodrigues
(vice-presidente) e Alonso Miguel (secretário-geral). Quanto
a Luís Silveira, quarto vice-presidente do partido, não foi convocado,
segundo Artur Lima, porque se demitiu, em março de 2017, numa reunião do
Conselho Diretivo Regional. “Para mim, a
palavra de um homem ainda vale mais do que qualquer escrito. Quem não
tem palavra nem honra o problema não é meu. Ficou exarado em ata
claramente que o senhor se demitia apesar de eu apelar para ele não se
demitir, eu e todos os outros presentes”, afirmou. Graça Silveira rejeitou, no entanto, em conferência de imprensa, que o autarca das Velas tenha apresentado a sua demissão. “Na
última reunião diretiva, o presidente do partido foi confrontado com
uma data de questões que não quis esclarecer. Perante isso, o
vice-presidente Luís Silveira disse nessa reunião que o partido não
podia continuar a funcionar assim e que deixava de se rever numa
liderança assim. No entendimento do dr. Artur Lima, este desabafo do
vice-presidente Luís Silveira era suficiente para ele não ser
vice-presidente”, sustentou.