Dirigente do BE/Açores demite-se de funções em divergência com o líder regional
19 de abr. de 2024, 14:30
— Lusa/AO Online
“Apresento a minha demissão do Secretariado e
da CCR [Comissão Coordenadora Regional], pois não me parecem estar
reunidas as condições para me manter nestes órgãos de decisão interna”,
escreve a dirigente numa carta enviada na quinta-feira aos órgãos do
partido, explicando que esta “rutura” não é com o projeto político do
BE, “mas sim com a atuação do coordenador regional”.A
Lusa tentou obter uma reação do líder regional, que, segundo fonte
oficial do BE/Açores, não quis fazer comentários, alegando tratar-se de
questões que devem ser discutidas apenas no interior do partido.Na
missiva, a que a Lusa teve acesso, Alexandra Manes assume a sua
“insatisfação” com o rumo interno que o BE/Açores tomou, desde que
António Lima, agora deputado único no arquipélago, lidera a estrutura.“Não
é de agora, nem do último ano, que alerto para o caminho que o BE toma,
seja na falta de aproximação às e aos seus aderentes de base, seja nos
processos internos”, lembra a ex-deputada do Bloco, que não conseguiu
ser reeleita nas regionais de 04 de fevereiro, pelo círculo eleitoral da
Terceira, onde era cabeça de lista.Alexandra
Manes diz haver questões internas que lhe desagradam “como dirigente
política e como cidadã” e dá vários exemplos, desde a obrigatoriedade de
os candidatos do BE assumirem um compromisso escrito com o partido até à
“centralização da campanha eleitoral numa única pessoa”, como considera
ter acontecido em fevereiro.A ex-deputada
refere também que foi António Lima quem decidiu acabar com a
rotatividade dos deputados eleitos pelo círculo regional de compensação
(que se verificava nas anteriores legislaturas) sempre que estiver em
causa a eleição do coordenador regional do Bloco: “uma exceção criada e
redigida por si próprio”.“Não posso deixar
também de mencionar a tentativa de descredibilização da minha pessoa
que está a ser feita pelo coordenador regional”, critica, queixando-se
de ter sido “afastada” de cargos de nomeação política, na representação
parlamentar do BE no parlamento açoriano, por “falta de confiança
política”.A dirigente demissionária acusa
ainda António Lima de ter impedido por várias vezes que fossem
apresentadas propostas de candidatos distintas dos nomes sugeridos pelo
Secretariado, em diferentes atos eleitorais.