Diretores preocupados com falta de docentes pedem medidas para criar atratividade
10 de nov. de 2020, 11:34
— Lusa/AO Online
A pouco
mais de um mês do final do 1.º período, continuam a faltar professores
em algumas escolas e apesar de o problema ter vindo a marcar o início de
sucessivos anos letivos, para os representantes dos diretores escolares
é cada vez mais grave.“Está a ser um ano
preocupante em relação à falta de professores no sistema educativo
nacional, agravado pela existência do momento que estamos a atravessar,
mas mesmo não existindo a pandemia acho que este problema iria falar-se
durante este ano letivo”, lamentou o presidente da Associação Nacional
de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP).Em
declarações à Lusa, Filinto Lima explicou que o problema tende a
agravar-se, ano após ano, em função do envelhecimento da classe docente e
que, por isso, é necessária uma resposta urgente.“Sabemos
que nos próximos 10 anos 58% dos atuais professores que estão efetivos
vão aposentar-se”, referiu, alertando que se não forem tomadas medidas
para captar novos professores as escolas arriscam-se a voltar a um tempo
em que os docentes tinham as habilitações mínimas.Também
o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE) se
manifestou preocupando com a situação instando o Governo a criar
condições para tornar mais atrativa a profissão.“Não
há uma política de motivação ou de incentivo para que os jovens que vão
para a universidade queiram escolher a opção Educação, isso é um grave
problema. É preciso criar condições para que os jovens queiram ser
professores”, defendeu Manuel Pereira.Além
destas, que permitem resolver o problema a longo prazo, o representante
dos diretores escolares lembra que também é preciso criar incentivos no
imediato para que os profissionais disponíveis noutras zonas do país
aceitem ser colocados nas zonas de Lisboa e Algarve onde, segundo o
presidente da ANDE, continuam a faltar centenas de professores. Na
semana passada, a secretária de Estado da Educação, Inês Ramires,
revelou que o número de professores que não aceitaram horários aumentou
este ano quase 70% em relação ao ano anterior e o ministro, Tiago
Brandão Rodrigues, reconheceu que o Governo está preocupado com a
situação.Para Filinto Lima, que concorda
com a necessidade de melhorar as condições da carreira docente, para
motivar os professores que já estão no sistema e para atrair jovens para
os cursos do ensino superior, este não deve ser visto apenas como um
problema deste executivo.“Não é um
problema deste Ministério da Educação, não é. É um problema nacional e
nós não devemos permitir politiquices para o resolver”, afirmou, pedindo
aos partidos que se juntem para implementar as medidas estruturais
necessárias.