Diretores pedem exames nacionais apenas para acesso ao superior
22 de fev. de 2022, 15:01
— Lusa/AO Online
“Este
ano letivo está a ser tudo menos normal e para um ano excecional tem de
haver, mais uma vez, medidas excecionais”, disse à Lusa o
secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof),
referindo-se ao impacto da pandemia de Covid-19 nas escolas que levou ao
isolamento de milhares de alunos, turmas e professores.Mário
Nogueira afirmou que este seria o ano de implementação de planos de
recuperação dos alunos, no âmbito do Plano Escola+ 21|23, “mas os
professores estiveram focados e a trabalhar para conseguir que não se
continuassem a perder matérias”.A posição
da Fenprof baseia-se nas respostas de 114 diretores de agrupamentos que
foram questionados sobre as condições que encontraram para implementar
os planos de recuperação dos alunos. Os
docentes alertaram que 2020/2021 foi “mais um ano excecional” e que
“dificilmente os planos de recuperação se poderiam desenvolver neste
ambiente”, contou Mário Nogueira, apontando que “faltaram os recursos
humanos solicitados” e mais uma vez os estudantes estiveram em casa. Por
isso, os diretores defendem que os exames nacionais devem voltar a ter
perguntas de opção e os alunos devem realizar apenas os exames exigidos
para o acesso ao ensino superior, revelou Mário Nogueira.A
Lusa questionou a Comissão Nacional de Acesso ao Ensino Superior
(CNAES) se já havia uma decisão relativa a voltar a realizar-se apenas
os exames pedidos pelas instituições, e o presidente da CNAES explicou
que estava agendada uma reunião “para 3 de março precisamente para
debater o assunto”.Fontainhas Fernandes
reconheceu que este ano letivo “as escolas voltaram a viver um cenário
excecional”, com a 5.º vaga de Covid-19 e milhares de alunos isolados,
mas o parecer do CNAES só será conhecido depois do encontro que junta
representantes das universidades, institutos politécnicos, sistema
privado e cooperativo.Mário Nogueira
lembrou que “foi um ano letivo cujo segundo período se iniciou com o
número de novas infeções diárias a atingir as dezenas de milhar, uma
quinta vaga cujo pico só foi atingido já em fevereiro e a situação só
melhorou, recentemente, quando foram alteradas as regras em que apenas
os infetados ficavam em isolamento. Ora tudo isto teve um forte impacto
nas comunidades escolares”.A Fenprof
questionou os diretores sobre quais as medidas de exceção que deverão
ser tomadas, mas as respostas só serão conhecidas na quinta-feira, numa
conferência de imprensa, depois de concluído o trabalho de análise das
respostas ao inquérito.Para já, as
respostas dos diretores mostram que muitas escolas tiveram dificuldades
em reunir condições para concretizar os seus planos de recuperação:
“Faltaram professores, mas também assistentes técnicos”, acusou Mário
Nogueira.Nos dois últimos anos letivos, as
provas de avaliação externa sofreram alterações devido à pandemia de
covid-19, que levou à suspensão das provas de aferição e das provas
finais de 9.º ano. O Governo escolheu manter apenas os exames nacionais
do 11.º e 12.º anos que, no entanto, deixaram de ser obrigatórios e
serviam apenas para o ingresso no ensino superior e, no ano letivo
passado, para efeitos de melhoria da classificação interna.Neste
momento, ainda existe um calendário escolar que prevê a realização de
todas as provas e os exames são obrigatórios para a conclusão do ciclo
de ensino, contabilizados para a avaliação interna, e sem o formato
excecional dos últimos dois anos que incluía nas provas um conjunto de
perguntas opcionais em que contava a melhor resposta.