Diretores clínicos do hospital de Ponta Delgada deverão retirar demissão
2 de dez. de 2022, 18:52
— Lusa/AO Online
“Não quero falar em nome dos senhores
diretores, mas o que me transmitiram é que, perante estas soluções e
estes compromissos, iriam mudar o seu comportamento. Portanto, o que eu
interpreto é que a alteração de comportamentos, naturalmente, implicará
uma retirada da demissão”, declarou.O
líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP/PPM), José Manuel Bolieiro, falava na sede da Presidência em Ponta Delgada, após um encontro com os
diretores de serviço do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES).A reunião surgiu depois de 21 dos 25 diretores dos serviços do hospital de Ponta Delgada se terem demitido.Na
sequência dessa decisão, a presidente da administração do Hospital do
Divino Espírito Santo, Cristina Fraga, apresentou o pedido de demissão,
que foi aceite pelo líder do Governo dos Açores."A
doutora Cristina Fraga, que se reconheceu como sendo um
problema, queria preferencialmente ser parte da solução", afirmou o
presidente do executivo açoriano.José
Manuel Bolieiro adiantou ainda que os médicos se “vão empenhar” para
garantir que escala de urgência em dezembro seja “maioritariamente
asseguradas pelos próprios profissionais do HDES” e com uma utilização
“residual” de tarefeiros.Segundo o
presidente do Governo Regional, os médicos estão “empenhados em resolver
o problema” e a “fazer um recomeço” para assegurar o “bom
funcionamento” do Hospital de Ponta Delgada.“Temos
a compreensão, o entendimento e o compromisso relativamente aos
diretores de serviço do HDES, que se comprometeram a recomeçar e, na
expressão deles, a reconstruir [o bom funcionamento] e, numa ligação
direta com o governo, a serem responsáveis pela elaboração das escalas
de urgência”, insistiu.José Manuel Boleiro
reconheceu a necessidade de resolver o “mal-estar” interno no maior
hospital dos Açores e reiterou que não existiu “intenção de ofensa” nas
declarações de membros do Governo Regional sobre os médicos.O
presidente do executivo açoriano aludia às afirmações do
vice-presidente, Artur Lima (CDS-PP), que em 11 de novembro considerou
que os médicos “não podem usar o dinheiro como moeda de troca para
dispensar” a prestação de cuidados.Em
novembro, cerca de 400 médicos (191 do Hospital do Divino Espírito
Santo) manifestaram indisponibilidade para fazer mais do que as 150
horas de trabalho extraordinário obrigatórias por lei, reclamando um
pedido de desculpas do vice-presidente do executivo.Na
quarta-feira, José Manuel Bolieiro tinha confirmado a demissão dos 10
chefes do serviço de urgência da unidade, mas garantiu que “as escalas
de urgências dos três hospitais” estavam asseguradas na próxima semana.Por
seu turno, a responsável nos Açores pelo Sindicato dos Médicos do Sul
reconheceu hoje que foi induzida em erro numa reunião com o presidente
do Governo Regional e acabou por "mentir" quando disse que as escalas do
Hospital do Divino Espírito Santo estavam preenchidasNa
quarta-feira, Anabela Lopes disse que as urgências hospitalares nos
Açores, que estavam na iminência de não terem escalas completas, por
indisponibilidade dos médicos, estavam asseguradas.Já
na quinta-feira, a responsável nos Açores da Ordem dos Médicos,
Margarida Moura, denunciou a falta de condições de assistência aos
doentes no hospital de Ponta Delgada, nomeadamente na cirurgia geral,
cuja diretora de serviço apresentou a demissão.